segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ninguém é de ninguém

O amor é passarinho
E no coração, faz seu ninho
Se o engaiolares, ele sofre...
Definha assim, coitadinho

O amor é como criança
Corre, brinca, pula e dança
Se a trancamos, ela chora
Perde toda a esperança

O amor só quer carinho
Algemas, o fazem morrer
Se pensar que o possuis
Fatalmente, o irás perder

Não há amarras para o amor
Porque ninguém é de ninguém
Deixe-o livre, por favor,
E te amará como a ninguém

As janelas sempre abertas
E um lar quente, gostoso...
Farão de teu passarinho
Um amor, doce e dengoso

Comidinhas quentes e perfumadas
Caminha cheirosa e bem forrada
Amor na agulha, em combustão
Toda a ternura de um coração

Estas são as reais gaiolas
Que aprisionam um coração
E o passarinho, na invernada
Já não pensa mais em nada

A memória, como filme
Faz passarinho se apressar
Teu lar, com cheirinho de rosas
Aguarda sempre o seu revoar

Isto sim é o amor
Como é alimento, o alpiste
Água fresca de coração
E aconchego, no limite...

A posse, é um erro na dose
Como remédio, pode matar
Mel demais provoca a tosse
Na medida, faz curar

Deixe-o ir...
Apenas para vê-lo retornar...

Pássaros voam dos ninhos
Gostam de voar e brincar
Cantarolam, assoviam...
Até parecem dançar

Mas ao ninho, bem quentinho
Voando, querem voltar...

Faça do teu amor
A única gaiola possível
E do aconchego de teus braços
Um vôo mais que preciso.

Márcia Poesia de Sá

Beijo em tela fresca

Minha paleta de sonho
é repleta de um verde tristonho
declamando teus versos, nos dias...
e nas noites, zelando teu sono

Acarinha a tela tão nua
transformando em beleza, o vazio
costurando casinhas e montes
com pincéis suaves, como tuas mãos

Minha paleta sonha com outra obra
mas sabe que a tela se impõe
não adianta forçar o desejo
ha um molejo sonoro de som tranquilo

Os silêncios são gritos da aurora
e os pincéis bailam frenéticos
desejando teus olhos abertos
'a fitar-me com este meigo olhar

E por trás de teu corpo desenhado
pinto um mar, de um azul detalhado
pingos brancos, jangadas a cantar

E a esperança de concluir esta obra
se basta aoo encontro de bocas
quando louca, meus lábios o buscam
na tinta fresca, desta tela a secar

Márcia Poesia de Sá