terça-feira, 27 de julho de 2010


Minhas folhas

Um amontoado de folhas a voar, recostadas pelas paredes de pedra, algumas delas úmidas da chuça da tarde passada... As velas do corredor ainda estão acesas, e o cheiro de parafina ainda toma conta do ar. No baú de madeira escura e pesada, poucos fatos ainda estão guardados... o vento cortante de cima da torre assovia seus segredos.
Minha alma aflita, mas ainda sonolenta tenta buscar a pena, para mais uma estrofe da catarse.
Quem será que subiu às escadas as três da manhã... o cheiro que exalava de vinho da adega já denunciava que haviam seres la tentando se ausentar do corpo racional. Temo pelo tempo, que talvez não me seja amigo.
Preciso escrever, ainda tenho nos olhos aquela lua acinzentada de ontem e ouço os pingos. Devastando de rubro carmim em gotas, o feno jogado pelo chão. Foi um eterno tic tac de morte ascendente, na verdade descendente... Raios, risos e fufões em altos e brancos sons, cambaleavam minhas idéias. O ultimo texto talvez finalize com uma interrogação.
Temo pela tinta, nanquim de mim que se esvai...e meus músculos dormentes de vida já se retraem, a dor lancinante do pulso me faz escrever mais rápido! Não posso perder este ultimo ensaio. O balet dos palhaços no jardim...escute a musica, podes ouvir as flautas? E o piano tocado pela dama sem olhos?
O som gélido, nada harmônico ecoa pelas escadarias e chega até meu peito que já pulsa fraco.
Levanto, me esgueiro pelas paredes até a abertura na parede, e avisto la embaixo, seres de uma tez pálida, extremamente bem vestidos com roupas mofadas e carcomidas pelos anos de baú. Já acenderam a fogueira, e alguns riem...como podem não ver que tudo que fiz, foi ver e dizer o que eu via? Porque eles cuidam tanto deste medo, temem tudo que não compreendem.
Sei que há pouco tempo estarei eu também subindo naquela fumaça, minha alma estará indo ao céu... e misturada ao cheiro das velas, haverá um cheiro de carne assada.
Certamente deixarei que voe todos os meus papeis, se um deles chegar as tuas mãos, guarde-o..mas permita que alguns deles sigam comigo nas labaredas. Assim terei o que ler quando chegar la.

Márcia Poesia de Sá
Solidão vaga

Rastejam pelas matas pequenos pontos de luz. Os cães ladram... E as armas pesadas se arrastam na multidão. Encapuzados com um tecido vinho escuro caminham em silêncio, apenas se vê o brilho gelado dos olhos. Ao longe, o amarelo das pequenas janelinhas, e os cães ladram...
Lanternas de decisões abissais, as mentes direcionadas, passos certeiros, e seguem.
Já se passava uma hora e a lua recostada na nuvem azul, arregalava os olhos, até ela sentia medo dos homens, via-se entre bainhas o brilho prata.
Chegando a casa, os cães só farejam. Olhos vitrificados nas janelas, mãos suando. É chegada a hora. Arrombam a porta aos pontapés, soltam os cães, que na mesma hora sobrem a fina escadinha de madeira, eles os acompanham mais atrás. De repente um grito! Um grito de dor e pavor ecoa pelos ouvidos, bate em cada parede da casa e ecoa na mata escura!
Eles chegam ao quarto, apenas iluminado pela velinha já quase no fim...
Os cães assustados se olham entre si. Não havia ninguém naquela casa.

Márcia Poesia de Sá

domingo, 25 de julho de 2010


Parabéns!

Aos que passam horas sentados numa cadeira
Transformando em símbolos sentimentos,
sentires, visões de mundo, histórias reais e irreais...

Aos que se comunicam com tamanha emoção mesmo utilizando-se de um meio
basicamente frio...

Aos que detalham, arrumam, apagam, acertam... Procuram e encontram
ou jamais encontrarão o ponto final...

Parabéns aos poetas, escritores, críticos, roteiristas...doutores
das letras sentidas...

Parabéns aos que erram e aos que acertam, mas sempre continuam...

Parabéns a você...a ele a ela...a todos...
que a inspiração seja como uma fonte límpida
a brotar sempre...

Parabéns aos escritores de livros, folhas, paginas da net, ou aos que sem net, rabiscam em qualquer lugar...até mesmo em folhinhas de guardanapo, apenas para não perder a idéia...

Ou para deixar marcado em tinta, a tinta verdadeira que colore seu coração.

Um abraço a todos!

Márcia Poesia de Sá

sábado, 24 de julho de 2010


Hoje acordei com o vento

Por uma pequenina fresta da janela
Esquecida aberta, na noite passada
Cochichava baixinho o vento...
Acorda poetisa...
Acorda siuuuu...

Tem um verso aqui perdido
Por entre as flores do jardim
Já lhe buscou na lua três vezes

Quase caiu no laguinho
Quando observava um peixinho
Acorda poetisa! Tadinho...

Já entrou no ninho do rouxinol
Foi banido de lá às bicadas

Caiu na água da flor...
Este foi pior
Um horror!
Se o verso não fosse um acrobata
Teria levado uma dentada

Tadinho do verso perdido
Está cansadinho e indeciso
Há pouco deitou na rede
Acorda poetisa! Siuuuu...

Abri os olhos então...
E o vento quase um tufão
Falou mais alto assim...
Psiiiiiiiiuuuuuuuuuuu
Acorda!

Abri a janela, ao invés de fechar
A brisa da madrugada
Está de encantar...
Um cheirinho de manhã invade o lugar

Procurei o tal verso, já sem encontrar...

Mas senti um calor no peito
Uma alegria estranha
Será que o verso se foi?
Ou entrou em minhas entranhas?

Márcia Poesia de Sá

sexta-feira, 16 de julho de 2010


Navegando na insônia

Ao acordar, todas as estrelas que comigo haviam passado a noite, ainda brilhavam em meus olhos. E a imensidão azul marinho daquele céu ainda aparece na retina, como se a noite não tivesse ainda passado, vejo nuvens tardias a se esconder do sol, que levanta furioso e certeiro ao seu posto de rei.
Corpo tateia entre lençóis a busca extrema do sonho. Que na noite passada se ausentou por horas. Ontem ao correr das horas, vaguei por entre linhas, linhas de teu livro, que mesmo fantasia, me permitia tocar-lhe as mãos. Imaginei que ao mesmo tempo que meus olhos seguiam as letras, tua mão corria à frente a escrevê-las...e por isso não dormi.
O desejo quase febril de alcançá-las me levou folha a folha, em busca daquele perfume, que de teu livro exalava, eu sabia que estavas ali, mesmo não conseguindo vê-lo. Já perto da manhã... Adormeci por um instante... E sonhei beijando-as. Mãos de estrela, anjo querubim, que passou a noite toda comigo escondido em meu sentir. Mas o sol chegou, e me lembra mais uma vez que és linha, renda de poesias, bordando meu amor numa madrugada fria.

Márcia Poesia de Sá - 16.07.2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Aquele mundo de papel

Navegava lenta em meu barquinho de papel manteiga, e o mar se fazia calmaria, brincando comigo de vai não vai... Poucas marolas me empurravam aos cais e em outras ocasiões me levavam de volta. Até chego a crer que o mar, pondo a mão na boca, para que eu não escutasse, dava boas risadas de mim.
Foi ai, que decidi brincar também, guardei a ansiedade numa pequena concha e joguei em suas águas. Agarrei-me ao meu bloquinho e me pus a versejar, sei que quando escrevo vôo...
Logo, isso o faria perceber que havia perdido a brincadeira. De fato deu certo!
Ele deu um suspiro forte, longo... De quem desistia
Então este vento me soprou o barquinho para uma praia deserta e linda. Muito estranha, porém...
Ao descer do barco, atônita vejo uma paisagem absolutamente branca, vários tons de branco é verdade, mas tudo branco! Coqueiros enroladinhos de folhas de papel crepom. Toda a vegetação da ilha era feita em cartolinas, papeis dupla face, e até mesmo o meu amado papel fabriano, que cobria as flores e frutos. Não compreendia como aquilo poderia existir.
No entanto o mar tinha um tom de azul divino, misto a um leve pincelado esmeralda que contornava o horizonte. Sentei na areia branca... e passei alguns minutos a observar os contrastes. Adentrei na mata por horas depois, na busca incessante de cor...
Foi ai que vi um pássaro, lilás... ele me fazia sinal, como se estivesse realmente precisando de mim. Decido segui-lo, e entre pulos e sustos de cobrinhas de papel seda. Chego a uma monumental construção de blocos de pedras gigantes que parecia ser um templo, um castelo, não sei...
O pássaro deu uma rasante na minha cabeça e entrou na grande porta que havia na muralha da frente, o branco e o brilho quase de mármore, embora fosse também papel , um papel acetinado eu creio, quase me encandeou.
Sigo o pássaro que batia suas asas lindamente, e o tom lilás agora parecia azulado nas pontas das asas. Ele pousa calmo em uma mesa central que havia na gigantesca sala, me aproximo dele com calma, não queria assustá-lo, ele era lindo!
No centro da mesa, um bilhete...
“Todas as cores vivem nos olhos de quem sabe ver, se a grande ave trouxe-o até aqui, você foi a escolhida, para pintar a vida e a imaginação...
Faça-o, com amor.”
E de repente, avisto cores surgindo em meu coração como um redemoinho incandescente, um fractal brilhante, toma todo meu corpo, e escorre em pingos por minhas mãos neste exato instante.



Márcia Poesia de Sá- 13.07.2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Acordei?

Abro os olhos como de costume, é manhã, penso!

Acho estranhas as teias de aranha que decoram o quarto, mas mesmo assim
não me aquieto, não penso, levanto, me espreguiço e sigo para a área de cima da casa.

Vejo a escada e algumas luzes me parecem queimadas.
Contudo minha pressa,em chegar, beijar as crianças que a esta hora já devem estar tomando café...não me permite parar.

Quero ver Sofia! Ela deve estar linda com seu laço de fita.
Pulo os degraus de dois em dois... To feliz, animado e cheio de energia!

Nossa! Alguns degraus quebrados... Não lembrava de te-los visto assim...
Mas mandarei arrumar amanhã.

...Bobagem... Casas antigas são assim mesmo.

Ah! Cheguei ao topo!

Uma geleira invade meu coração.

- Mas, o que é isto?!
- cadê todo mundo? Onde colocaram Meus móveis?

Corro até a biblioteca...

- Deus! Não há nada aqui! O que houve?!!!

Subo até os quartos aos gritos:
- Sofia! Edgard! Eduard?!!!...Mary!

Nossa, a casa parece vazia...

De repente me dou conta de um jornal na porta de entrada
O pego... E leio sem acreditar.

Londres, 11 de fevereiro de 2010!

Um vazio sem fim toma conta de meu peito, um certo desespero, uma dor lancinante...me faz cair ao chão.

Eu nasci em 31.09.1854

Márcia Poesia de Sá

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cacos caminham calmos

Omoplatas avermelhadas rastejam por cima de uma coluna de dores
Que assegura que a direção não se perca.
Olhos quase cegos apertam a imagem
Que na horizontal se forma diminuindo assim o foco, tentando mirar
Tal qual uma flecha bêbada no ar.
Passos lentos, ondulantes na vertical... E la segue, o caminhante.
Nas bordas do traço cinza e frio, destino dos que vão...
Aqui ninguém volta! É uma BR sem placas, sem destino, sem vitórias, desatino...
O etéreo ar que lhe invade os pulmões até parece que o infla, como a um balão...
Pobre criatura oca, rasgando o espaço do nada.
Mas a ele nem importa que o nada esteja avançando, ele próprio já se sente nada...
Ou talvez nem se sinta... Só caminha a lugar algum e sem pressa de chegar.
Triste figura, nada literária... Traço pequenino na vertical, de uma linha horizontal infinita...
Lonjuras tantas... Pobre ser.
Passo a passo ele se aproxima do desaparecimento inevitável de meus olhos.
Sumindo assim na paisagem, tal qual miragem.
Nem sequer havia neblina para deixar mais bucólica a imagem, era crua, doída e raspada...
Como telas de texturas feitas em madeira...
Creio que Portinari pintaria uma tela se te visse, pobre ser caminhante na BR, onde o vento quase te leva com ele.
E o zum zum de carros velozes ao teu lado, nem percebe tua presença...ou seria tua ausência?
E a fumaça de caminhões mal regulados, te cobrem em negro manto, de quando em quando...
Adeus, triste figura.

Que os quilômetros te sejam brandos.

Márcia Poesia de Sá

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Poema muito antigo escrito para meus amigos

Poetas gauchos...Anorkinda, Sacharuk, Dhenova e Decimar Biagini.

Prometí

Prometí que viría...e venho
venho trazendo do mar,o sal
pra alimentar os rebanhos
desta terra sem igual

Venho com lágrimas secando
com os cabelos ao vento
com o horizonte no olhar
tantas palavras revolvendo

Venho com sonho e espada
vinho nas cavalgadas
com cavalos de imagens aladas
venho do pó para a poeira do vento

Venho do maracatú para a festa dos navegantes
do mar verde esmeralda para cavalgar em teus montes
sonhando trazer da feira do livro...um filho!
um sonho meu á praça da Alfândega

Márcia Poesia de Sá
Amo tudo

Amo o que tenho
O que rego e cuido
O que limpo e não descuido
Amo o amor e a emoção
Amo o que já vi passar por mim
Deixou aroma de mar
Olhos de razão
Amo o que já tive e não tenho
O que amei e desamei
Se é que é possível desamar
O verbo amor não tem passado
Isso foi erro de um dicionário
Que nunca soube o que é amar
Amo a pele e a semente
A florada e revoada
Amo o verbo e a cor
Amo mais que tudo a dor
A dor que nos impulsiona
A dor que dói e inflama
Fazendo-nos versejar
Amo a poesia e a vida
Não viveria sem ela
Oxigena-me e exaspera
Cansa-me, me suga, me mata
Mas depois também me acalenta
Abraça-me, me aquece, me enlouquece
Apenas pelo fato de a ela, tanto amar
Amo o cheiro de tinta, o spray de verniz
Amo meu nariz, boca e olhos de luar
Amo tua boca perfeita
Que beija estrelas de dia
E a noite canta para o mar
Amo e amo-o tanto
Que me perco...
E perdida, não encontro o desfecho deste poema do amor
Pois para mim, o amor é infinito
Passaria outra vida e tantos ritos
Apenas declamando assim...
Amo
Amo
Amo
Não nego não peco
Não minto
Amo como um labirinto
Eterno, etéreo
Faminto.

Márcia Poesia de Sá
A mão

Que afaga a pele, que acarinha a face
Que rasga a alface, que tempera a carne
A mão
Que pega carona, que acena adeus...
Vai na contra mão...
A mão
Que desenha e borda
Pinta o sete e chora
Toca violão
A mão
Que esbofeteia,
Que agride e é feia
Fecha de aversão
É a mesma mão
Que escreve rimas
Planta fantasias
Colhe lírios brancos
E durante anos
A mão
A mais bela obra
Que segura o mamilo do mundo
Amamentando-o de afeição
É a mesma mão
Espalmada ou terna
Bailarina da terra
Choro ou afeição
Cria e se exaspera...
Fala em movimentos
É artista da interpretação
Mãos.
Amadas criaturas!

Sem as minhas
Eu estaria nua
Sem alma
Sem amor
Sem expressão

Márcia Poesia de Sá

A ti, que tanto amo

Você nem sequer desconfia

Dos fios de esperança que teci
Você não me viu por dentro
Não sentiu a ebulição que senti...

Quando nossos lábios se tocaram pela primeira vez
E antes dos lábios as mãos...
Nossa! Essas mãos que tanto amo

Que tocam as fragilidades das notas

Que reconhecem os versos que revoam sobre ti

E os captam... Os juntando, reunindo, aglutinando
Em um poema Que inegavelmente Sempre...
Me fazem suspirar

Essas mãos que plantam, colhem, calculam, e dormem
Tuas mãos de pedra firme e de ar
De alucinações e luar

De tudo que sempre amei
És o incenso possível
O cristal de minha luz

Meu poema predileto

Impossível te esquecer.

Você não queria ver
Apenas queria algo de imediato

Mas não sabia que não pisava em asfalto

Não sentiu minha alma desfalecer

Você ahhh ...você...

Será que não vê
?
Que é de você que falo
Quando falo de amor
Nem desconfias?


Hoje decidi abrir o jogo
Dizer que só a ti teria coragem De doar novamente meu coração
Que hoje mais parece estátua de pedra sabão ...
Teu cheiro me embriaga

Teus olhos me lançam chamas abissais

Tua pele me cativa
Tua voz me faz ensurdecer para os outros sons
Tua alma me encanta

E a minha canta
Sempre que te vê

Mesmo de passagem...

Mesmo sendo só miragem
Sempre irei amar você
!

Mesmo que você jamais saiba
Ou só...

Finja não saber.

Márcia Poesia de Sá – 06.07.201

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Hoje pensei que minha cabecinha repleta de cachinhos dourados na verdade é apenas uma imensa plantação disfarçada.

Ha canteiros de palávras repletas de cor. No segundo canteiro da direita para a esquerda, vi uma flor vermelha linda...ela tem letras nas letras das pétalas...uma palavrinha minúscula, não consegui ler hoje, mas sei que esta lá...só percebi que tem quaro letras...começa com a...

E dentre todos os canteiros um aroma de manhã de chuva exala pelo ar...

É uma bela plantação, e quando o vento sopra...
As plantinhas lentamente se dobram, parecem bailar...

Abaixo das ondas de cachos...ha palavras a brotar.

Márcia Poesia de Sá
Como tudo começou

Começou quando abri as janelas da alma
Quando deixei fluir meu espírito
Assim que vi a primeira refração de luz
Quando senti que meus olhos não viam apenas o visível
Mas que captavam a beleza escondida nas entrelinhas
Do mundo, da natureza, das pessoas e de mim.

Começou quando escutei poesia olhando um mar
Quando meus pequeninos pés viam nas areias, cristais levemente dourados
Quando eu Sentia na água morna do oceano, os carinhos da terra
Quando eu lia historinhas escritas em nuvens...
Quando me vi menor, menor, ínfima...
Diante do brilho de uma asa de beija flor

Começou quando apanhei uma florzinha de carrapicho
E corri para pegar uma lupa...
Descobrindo toda a beleza que a minha falsa grandeza me escondia

Quando passava horas olhando o movimento ritmado de uma piabinha de rio
Quando vi diamantes azulados em gotas de orvalho...

Tudo começou, quando se tornou mais fácil para eu falar, em cores e formas...
Quando toda profundidade de minha alma pode ser exibida
Pelo traço exato de uma linha em perspectiva

Quando uma nota de musica me fez lacrimejar
Mesmo sem nada saber sobre os clássicos
Quando a criança, escutava as memórias dos tempos, idos.

Quando o primeiro verso me fez chorar
Ou quando comovida...
Olhei os olhos lindos de uma criança suja da fumaça da rua...
Quando senti a fragilidade dos fortes...
Ou quando dominei minha ira
A transformando em perdão

Tudo começa...quando fechamos os olhos óbvios,
E abrimos os olhos sensíveis...
...Os que enxergam por dentro
Sentem a realidade, não apenas a vêem

Soprando os ciscos dos enganos
E sorrindo a beleza do 'ser'.

Márcia Poesia de Sá

...A infância nunca sai de vez de nossas retinas...

Que bom!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ha dias em que não me encontro, alguem me viu por ai?

Acredito que ontem adormeci e não voltei, fiquei entre o sonho e o dia em algum recanto de núvem
ou em alguma marola fria de uma estação qualquer, provavelmente de alguma cidade deserta nos confins de qualquer lugar. Sinto minha alma distante e minha mente ja não mais me obedece.

Fazia algum tempo que eu não me sentia assim, da ultima vez escrevi um livro de trezentas páginas sobre um amor que aconteceu no século XVIII... este livro é tão estranho, que até hoje quando o leio tenho a nítida impressão que não fui eu quem o escreveu.

É, se a inpiração me pega novamente hoje, quem sabe eu não escreva sobre o fim do mundo, ou sobre planetas perdidos, que voaram no rabo daquele cometa azul...e se perderam em mentes vazias até hoje...Lá certamente vivem seres especiais, quase sem cor e de olhos azuis.

...

Bem, se não me viram mesmo, vou me procurar em outros lugares.

Beijos meus.

Márcia Poesia de Sá