domingo, 26 de setembro de 2010


Há momentos em que os poetas são tomados pelo silêncio.
E isto não tem uma razão óbvia. Apenas são envoltos numa névoa silenciosa e fria como uma brisa, é estranho o sentir deste frio que nos absorve e consome...
Ficamos a mercê do nosso próprio sol que não raia, fica embutido numa nuvem de idéias só a nos observar em agonia.
Um poeta calado é como uma fabrica abandonada, se olharmos de perto, bem perto mesmo...
Podemos escutar umas vozes antigas...
Umas linhas caídas pelo chão...
E quando o vento sopra novamente,
Algumas letras revoam como filme antigo
Voam em preto e branco e é mudo.
Completamente mudo, como um grito ao fim do som...
Como a morte após a vida
Ou como uma lágrima nascida da emoção
Que vem logo após um ponto final.


Márcia Poesia de Sá

sábado, 25 de setembro de 2010


Se eu calasse

O que não falo
Mas que com atitudes resvalo
O que não falo
Mas que com olhos roxos, esbugalho
O que não falo
Mas ignoro o passar, como falho
O que não falo
E sinto o amargo gargarejar de alho
O que não falo
E gela o coração em frangalho
Se eu calasse...
Talvez assim, sobrevivesse
Ao fim inevitável
Que é esquecer-te.
Ao lembrar-te tanto...
Quando me calo.

Márcia Poesia de Sá

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Um lindo e carinhoso presente de meu amigo, Paolo... grata, beijo.

A tradução de me texto para esta lingua que amo...

Che ride

Ha cantato ai margini delle foreste, la bellezza della luce e quasi alato, alcune note dolci di infanzia ...
E 'aggiornato ogni speranza graffiato e gli impianti con linee d'oro
Lei non sapeva più a ballare
Ma il batter d'ali del destino e dipanato così sorridente
Tutto d'un bagliore lucido nuovo
Lei era felice e non sapeva nemmeno che quella fredda mattina, ha riscaldato un sole
Allegro e guancia e camminato sulle sue orme facendo eco qualcosa di dolce melodia in onda ...
E così incantesimi condensazione, giorno e notte per rompere con la pioggia dolce canto
Il sole era appena detto buongiorno alla sua fantasia disperata di un giorno essere in grado di volare
E volare bello in ogni testo, non si sentiva più che delimitano gli arabeschi sullo schermo in modo fugace
Ha dato la sua anima tra le righe, è stato letto e copiato di nascosto. Osservando le loro anime vagano ...
Ma lei sorrise ancora, come se tutto ciò che la loro magia potrebbe un giorno rivoluzionare il mondo ...
Era la ragazza ha incontrato, e di nuovo scrivere poesie quella stella ... io ti amerò sempre.

Poesia di Sa Marcia

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Hoje eu não estava inspirada, mas lembrei de uma coisa que me acontecia quando eu era menina...adorava sentar embaixo duma arvore na chacara de meu pai e escrever...escrever...
Passava horas lá, em um mundo que sempre me encantou...

Esta memória minha fez nascer isso ai...Não falo de mim, só da sensação que tive hoje...

Aquele passeio

Ela cantarolava na beira da mata, linda leve e quase alada, umas doces notas da infância...
Ela raiava toda a esperança e riscava as plantas com traços doirados
Ela já não mais sabia dançar.
Mas batia as asas do destino e descortinava assim sorrindo
Todo o brilho novo de um arrebol...
Ela era encantada e nem sabia, que naquela madrugada fria, ela aquecera um sol
Caminhava lépida e faceira e em seus passos algo de melodia ecoava manso sobre o ar...
E em condensações assim magias, se desprenderiam noite e dia como chuva doce a cantar
Era só o sol dizer bom dia que ela desperatava a fantasia de um dia, ser capaz de voar
E voava lindo em cada texto, já não mais sentia os arabescos que a prendiam em tela tão fugaz
Doava sua alma as entrelinhas, era lida e copiada na surdina., por almas que observavam seu vagar...
Mas ela mesmo assim sorria, pois se toda aquela sua magia pudesse um dia o mundo revolucionar...
Estaria a menina satisfeita, e escreveria outra vez naquela estrela...poesia eu sempre vou te amar.

Márcia Poesia de sá

terça-feira, 21 de setembro de 2010


A feiticeira

A fumaça de seu caldeirão
À todo vapor emanava
E brasas em pedra estalavam
Assim, uma estranha canção

Colheres de pau e de pedra
Mexiam aquele grosso caldo
De escuras tonalidades
E elas juntava aos maços
Punhados de cores sóbrias

A noite escorria lerda
Atenta as primeiras horas
E um negro gato perneta
Com só um olho, pairava
Na parte aberta da janela
E a lua, ele fitava...

Estava cheia e linda
Iluminando tudo
Matos, matas, rios e rimas
Num balét muito confuso.

Amanhecem e anoitecem
Sob o facho da maestra
Do telhado, eu observo
O gemido de uma porta

E uma mãozinha branca
Inocente ali, se coloca...
Bem depois eu vejo o sol
Que brilhava dos cachinhos

É um pequeno garoto
Com olhos da cor do rio
Entra sem fazer alarde
Enquanto a fumaça arde
E no caldeirão ferve
Aquele caldo abacate

A senhora, roupas negras
E nas mãos só solidão...
Abre o sorriso mais lindo
Provocando em mim, um clarão

E a voz mais doce ecoa
Dentro do casarão:
Que bom que veio, meu neto
E se abraçaram, então.

E eu como boa aranhinha.
Vou tecendo minha linha
E descendo do telhado
No tablado faço linha...

Eu vou, eu vou...
Para casa, agora eu vou...
Boa noite.

A aranha.
Márcia Poesia de Sá

domingo, 19 de setembro de 2010


Mananciais

Brota cristalino e initerruptamente
Da mente, versos azuis...

Sangra como sangra terra ardente
Clemente, pedindo forra

Jorra qual o negro poderoso
Valioso liquido, das arábias

Os versos toscos que sem rima
Rimo ainda, com calma...

Fúria, nascimento em goles gordos
Deste mar preso em meu soluço

Cavidade profunda
Mina etérea
De diamantes negros como o mundo

Rasga-se então a pele em chamas...
E meu coração brasa viva...
Grita teu nome na calada da noite!
Sonhando com a gota vivida

Rota esperança que se esvai
E cai em gotas, minha vida

Evapora a esperança
Dança nas nuvens meus sonhos...
Enfadonhos escritos...

Amar
No teu mar...
Meu vício.

Márcia Poesia de Sá

Compreendendo-me

Eu já tateei todas as paredes, lacunas e saliências
Todas as minhas experiências, ja foram, por mim, tocadas
Retocadas, re sentidas, profundamente digeridas
Deglutidas, gosto de sal...

Já rasguei a pele dura...e usei um estilete, pinças para retirar
As cascas, este rijo músculo, quelóide de tantas farpas.
Banhei tudo com água quente, para ver se assim entende
Que o calor me faz viver.

Tudo li até as bulas, e as palavras assim nuas que corriam sem eu ver...
Arrumei os meus arquivos, joguei fora alguns papiros...
Poucos, gosto de reler...

E abri minha janela... pensei que era primavera
Enganei-me! Vai chover!


Márcia Poesia de Sá

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


Tocando-lhe

Queria tocar-lhe a face.
Como lhe toca os ventos,
Em suas pairagens...
Como lhe toca os versos,
Impressos enlaces.
Como lhe toca o tempo,
Em seus resquícios...
Queria tocar-lhe os olhos!
Como lhe toca a arte,
Em seus mistérios.
Como lhe toca as pedras,
Em seus rebentos.
Como lhe toca o mar,
Em seus lamentos.
Como lhe toca o amor...
Queria tocar-lhe a boca.
Como lhe toca as manhãs,
Em seu frescor...
Como lhe toca o sol,
Em seu calor.
Como lhe toca a música...
Em notas sutis,
De puro arrepio.
Queria tocar-lhe o peito.
Como lhe tocam os pássaros,
Em vôos livres...
Como lhe toca o vinho,
Em goles firmes.
Como lhe toca o sabor,
Que derrete na boca.
Queria tocar-lhe o pensamento,
Como lhe toca a todo o momento:
Um poema bom...
Um verso perfeito,
Quase sem movimento,
Que pousa no peito,
Em forma de flor.

Márcia Poesia de Sá

E resumindo fora do poema...como brisa de mar que sopra leve...
Eu apenas queria...tocar-lhe.