sexta-feira, 6 de maio de 2011


Alicerce dos sonhos


Adormeci na madrugada de uma meia idade indecisa e acordei anciã da juventude perdida, catando cartas de amor de um remoto tempo, colhi as flores já secas dos momentos, e reguei-as com chumaços de algodão.
Observei balançando-me na janela da vida, e vi subirem e descerem as ladeiras dos anos. Os meus sonhos sonhados em areia movediça. Engraçado vê-los tentando sobreviver... Do alto de minha janela fictícia, tentei jogá-los cordas de experiências, gotas de ilusão, e copos e copos de fé. Mas mesmo assim nada adiantou. Saíram ladeira a baixo caindo, caindo...

Sonhos inteiros virando destroços, pedaços apenas.
E após a vertiginosa e quase fatal queda, ainda me foi possível ver pequenas pétalas amassadas que largaram pelo caminho.
Catei algumas e as guardei na carteira, para lembrança do ontem que se extingue em meus olhos já úmidos de saudade. E aprendi.
Que se um dia plantar novo sonho, procurarei um solo mais risonho, mais forte, mais conciso e em nada arenoso. Quem sabe a colina ao pé do abismo, com rochas de um para sempre, que possam segurar fortes as raízes das mentes, que tenham densidade suficiente para agarrar as raízes dos meus sonhos, e permitam florescer assim, a emoção.


Márcia Poesia de Sá – 07.05.2011

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