sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Acordei e ouvi por puro acaso um canto de Aracuã, passou voando aqui pela mata, pronto só isso que passaria desapercebido pela maioria das pessoas me agarrou o cérebro e me levou em um instante
a idade de dez anos, uma grama úmida sobre meus pés, a cor das buganvílias me enchendo a retina, de um vinho ensurdecedor! a brisa que vinha cortando o pomar, e o viveiro novo imenso com uma goiabeira dentro! eu ainda não sabia porque papai o havia construído, mas era a única maneira que ele tinha de ter alguma ave já que eu sempre soltava seus passarinhos. Seu João, ajudante da casa já havia colocado água, comida lá...fiquei por uns instantes feliz e triste. É, alguém definitivamente chegaria, e acho que desta vez não vou poder libertá-la não...Em uns instantes a buzina do carro de papai, pam paramranpã pam pam! e lá vai seu João correndo da vacaria para a casa todo feliz, sentei na cadeira da piscina e fiquei só ali observando o movimento, ao longe os marrecos de pequim e os gansos tomavam banho no larguinho a também olhavam para a lateral da casa, então vieram papai e seu joão com aquelas criaturinhas, feias de doer! sei lá um misto de galinha com pombo e uma pitada de Deus me livre!
Havia umas cinco eu acho, colocaram lá no viveiro e ficaram conversando entre si, fui ver de pertinho e levei logo uma bicada no dedo para deixar de ser tão metida, me aquietei e fui para o terraço. A partir desde dia nunca mais houve silêncio em nossas manhãs como se já não bastassem os gansos e seus quéquéqués...aquelas senhoras gritavam gasguitas como loucas áracuã...áracuã...áracuã...

Voltei desta memória com vontade de abraçar meu pai, saudade que nunca passa...
Esteja bem meu amor onde quer que estejas...

Márcia Poesia de Sá.

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