terça-feira, 21 de setembro de 2010


A feiticeira

A fumaça de seu caldeirão
À todo vapor emanava
E brasas em pedra estalavam
Assim, uma estranha canção

Colheres de pau e de pedra
Mexiam aquele grosso caldo
De escuras tonalidades
E elas juntava aos maços
Punhados de cores sóbrias

A noite escorria lerda
Atenta as primeiras horas
E um negro gato perneta
Com só um olho, pairava
Na parte aberta da janela
E a lua, ele fitava...

Estava cheia e linda
Iluminando tudo
Matos, matas, rios e rimas
Num balét muito confuso.

Amanhecem e anoitecem
Sob o facho da maestra
Do telhado, eu observo
O gemido de uma porta

E uma mãozinha branca
Inocente ali, se coloca...
Bem depois eu vejo o sol
Que brilhava dos cachinhos

É um pequeno garoto
Com olhos da cor do rio
Entra sem fazer alarde
Enquanto a fumaça arde
E no caldeirão ferve
Aquele caldo abacate

A senhora, roupas negras
E nas mãos só solidão...
Abre o sorriso mais lindo
Provocando em mim, um clarão

E a voz mais doce ecoa
Dentro do casarão:
Que bom que veio, meu neto
E se abraçaram, então.

E eu como boa aranhinha.
Vou tecendo minha linha
E descendo do telhado
No tablado faço linha...

Eu vou, eu vou...
Para casa, agora eu vou...
Boa noite.

A aranha.
Márcia Poesia de Sá

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