domingo, 17 de julho de 2011

Eu deixaria fotos

Hoje ao ler um poema que falava sobre o que deixaria numa possível cápsula do tempo, me peguei com o pensamento longe a imaginar o que de fato me seria caro...e o que a humanidade vem fazendo com suas “jóias”.

Penso que seria extremamente difícil escolher o que eu deixaria para este nosso futuro tão incerto... um incenso talvez, um cristal rosa, uma fotografia de infância, época em que a Inocência nos é mais sábia.

Talvez eu deixasse aquela cartinha que escrevi para Deus quando era garota...ou umas flores secas e sementes...

Penso quase triste que haveria pessoas que deixariam seus silicones, suas ferrares, mesmo sem saber o que haveria do outro lado.

Penso nas pessoas que deixariam diamantes...
- e todas as rochas que vivem em suas almas? Ficariam com elas?

Engraçado este pensamento de eternidade, quem sabe devêssemos deixar mesmo uns jornais, deixar nossos erros estampados!
Para que no futuro eles vissem como é a trajetória do erro e assim sendo,
evitassem fazer o mesmo.

Pensei também em perguntar as crianças...
Quem sabe elas de fato saibam o que nos será eternamente importante.

O problema talvez fosse colocar na cápsula do tempo, o abraço da mamãe, o sorriso do papai, a presença feliz dos avós em suas vidas...

Algumas crianças levariam um lego, outras só uma bolinha de gude, mas todas certamente levariam esperança.

...Esperança esta, que nem sei onde encontraria.

Mas sinceramente gostaria também de levar, de mandar...de manter.

Deixaria um dos cachinhos de meus filhos, aqueles que guardei quando cortei os cabelinhos pela primeira vez...

Talvez por puro ego eu deixasse uma tela minha, mas qual?
Provavelmente a que fala de vidas passadas...
a que tem nas cores tons de verde.

Penso que provavelmente neste futuro esta cor nem exista mais.

Enfim...o que deixaria não sei ao certo
Mas sinto profundamente na alma o que levo comigo disto tudo.

Márcia Poesia de Sá – 17.07.2011

Quanto mar

Até onde voltam as ondas
E de onde zarpam?
Ardem na goela as vírgulas
E por que me partem?

Partem as balsas sem vida
Mar à dentro, partem
Navegando ondas altas
Maresias aflitas guardam

Até onde segue meus olhos
Adentrando cavernas marinhas?
Rochas e tubarões
Gaivotas e horizontais linhas

Há sal em minha retina
refletindo verdes
Há verdes em meus pulmões
expelindo fumaça

Há uma asa que tremula
Mais parece vela...

De onde vem este mar
Que me atropela?

Permitindo que à deriva vire rota certa
Transformando-me em branco
e salgado lodo!

Márcia Poesia de Sá – 15.07.2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011


Bom dia!

Mesmo que este dia seja só uma nebulosa
uma nuvem grávida de gotas...

Ando entalada de silêncio
ja tomei mel, chá de erva cidreira, cacos de estrelas...
e nada desentalou
tem uma montanha dormindo
na minha garganta...e agora?

Ando a deriva
o mar tem sido tempestuoso
mas encontrei uma garrafa vazia de bourbon
e coloquei dentro dela este recadinho....chegou?

Quer a semana nos seja suave como as brumas
ja que as ondas nos são sempre frequentes.

Minha vida tem sido uma coleção de frestas
pequenas frestas apenas...

E enquanto a vida passa lá fora
eu só fico tentando observar a imagem
e só pedaços formam o todo
que só na imaginação sobrevive

O frio da floresta invade a pele
e em meu cerne não ha ninho para aquecer

Os parcos sorrisos passam lá longe na estrada
ouço seus ecos, que de quando em quando
penetram minhas janelas de frestas
mas sempre se dissipam

vago no espaço deste momento e penso
apenas penso...mais nada.

Márcia Poesia de Sá - 11.07.2011


sábado, 9 de julho de 2011


Falando sério

Não há em mim sequer uma veia que compreenda o porquê de seguir
Partir o rio em meio às teias é como o cacho desistir de florir
Não há em mim um só silêncio que compreenda seus sentires
Eles sentem vibram e falam mas se calam se insistes
Não há em mim uma só gota que consiga viver sem emoção
Há na verdade corredeiras, correndo sem direção
Não há duvidas nem torrentes, nem certezas e nem coisas pungentes
Há uma reticência gigante, infinita em cada mente
E mutante em cada instante
Sou o que sonham as brumas, o que derrete das geleiras
Um mar de azuis e verdes, um veleiro na banheira
Algo de duro e de suave, algo que escorre sem margem
Algo que por mais que eu escreva
Esconde-se em outra face. Sou um papel em branco
Descolorido por fases.

Márcia Poesia de Sá