terça-feira, 28 de junho de 2011


Matur(ando)

É, o tempo, a vida, a maturidade
Tem em si todas as fendas, e todas as curas
Um ver que observa além das ranhuras
Além de pungentes assaltos egoístas
Da carência bêbada de carência

Há nas verdades acomodadas
tantas coisas que fazem sentido
Alguns perdões suaves e sem qualquer orgulho
As certezas que se sentam como moças pacatas
Em seus acentos de seda.
Cruzando levemente as pernas dos argumentos
Acomodando bem todas as antigas duvidas, hoje mortas

Por trás do ódio, da raiva da magoa
Há uma legião de medos...
Homens são crianças no íntimo

Mas a criança madura
Aprende a abraçar e a esboçar o sorriso infantil
Com uma bagagem leve e certeira de generosidade

Nós, as crescidas crianças desta vida
Aprendemos com as subidas e descidas
A grande lição que é amar.

Márcia Poesia de Sá – 28.06.2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011


Nosso livro

Pronto! Eu me rendo, eu me entrego...

Toma para ti este meu coração

Não era o que você queria?

Agora sabes que ele já não mais respira sem você

Sabe que ele pulsa a cada manhã só por te esperar

Sabe que meus olhos só vêem beleza na lua

Se você estiver perto!

E que meu corpo só responde aos teus apelos

Minha boca só a tua busca e aguarda...

Sedenta como deserto

Calada e triste

Mas quando você se aproxima

Toda minha alma e pele saliva

Pronto! Rendo-me, me entrego...

Há tanto tempo aguardei

Já não mais acreditava em nada

Você reabriu o diário de meu coração

Escreve comigo?

Escreve comigo!

Escreve comigo...

Pois sem você não há história

E com você há uma obra infinita...


Márcia poesia de Sá

quarta-feira, 15 de junho de 2011


'VÉSPERA DE TUDO OU NADA


Viver o tudo é véspera do nada.Viver completamente o nada é véspera do tudo.Impérios crescem e desmoronam.Tudo que começa, acaba.Tudo que sobe, desce.Estrelas nascem e explodem.Renascem novas estrelas todo dia.Tudo que se eleva, acaba um dia descendo.Por mais baixo que se possa sentir,a subida é logo depois.Por mais alto que se vá,deve-se esperar a descida logo após.Amores nascem e se acabam.Sentimentos se vão.Mas, recomeçam, renascem.A gente nasce vive e morre.Tudo tem um fim, e um recomeço.Nada nem ninguém apenas nasce e vive pra sempre.Tudo termina um dia, mas recomeça, renasce.Tudo que sobe, desce. O que desce, sobe.É o ciclo vicioso da vida:um dia é ontem, outro é hoje,amanhã já é véspera de tudo ou nada.GETULIO JUNIORTrês Rios, Rio de Janeiro, 17. 03. 2010

domingo, 12 de junho de 2011


Uma viagem ao âmago de si mesmo


Um mero pescador, um navegante do mar...
Em sua frágil jangada sente nas costas o desejo
de sua fortaleza, mas na realidade dos fatos é só
uma jangada a quebrar as ondas, pensando-se ser um navio mercante...

Mesmo assim , segue o pescador, corajoso e ciente de seus
atributos e deveres.
Numa noite de lua cheia, o pescador joga sua vara ao mar,
sem sequer imaginar o que estava por acontecer.
O fio de nylon de seu anzol pousou no verde esmeralda,
salgado de tantas dores e imagens, mais parecia um traço
feito por Leonardo...algo de arte havia naquele pousar...
Cai o fio...afunda lentamente...e por horas espera o pescador...
ja com sua mente dormente

Quando em meio a luz da lua, nesta noite, cheia! Barriguda...
Vê o pescador uma sombra gigantesca, na teia de sua mente doente...
E pensa o pescador já sem fôlego
- O que é isto meu Deus? Porque temo?
Sai do mar uma coisa, quase sem explicação, sai do sal sua sombra,
explodindo em cores e clarões!
O pescador se apavora, mas paira em olhos e cílios!
Carcomidos estão os seus gritos e calado engole sua alma
Olha apenas e se afasta...

Larga o fio de aversão
Morre o poeta de infarto! e o pescador, pesca sua alma então.

Márcia Poesia de Sá – 11.06.2011

sábado, 4 de junho de 2011


Enquanto a chuva canta

Lá fora a chuva canta sua canção em gotas
Como lágrimas nada poucas,
a banhar as gramas da razão

Minha mente vaga e na alma
há tempestades e calmarias

Lá fora...
As andorinhas hibernam macias
Por entre abraços de galhos já quentes
E em minha mente algo fagulha
Uma imprecisa sensação de angustia
Algo de adeus...

Lá fora a poesia congela petrificada
Espera tão demorada...
de um dia amanhecer fantasia
E na utopia das horas
As notas transitam do passado ao presente
Como que bailando dolentes
Por sobre a pele da vida

E como se já não bastassem
As internas cachoeiras...

Lá...logo ali adiante
Vejo os cristais das gotas a brilhar
Como diamantes dos céus
Que retornam ao berço
Alimentando o jasmim e a begônia
Fortalecendo o verde de esperança
E despencando em mim

Como chuva
Gotas de matança.

Márcia Poesia de Sá – 04.06.2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011


Criando sonhos

Eu queria a maciez singela
De um sol de manhãzinha

A despontar tranqüilo
Por sobre a relva,
Decorando de dourado
Teu dorso, amanhecido

Eu queria o som tranqüilo
Dos cochichos dos pardais

Cantarolando
Por sobre murais de ventos de teus ais

Eu queria a preguiça
Do tempo, a passar muito lento
Em teus olhos de manhã

E um perfume de lavanda
a balançar as redes da esperança
de nossa varanda iluminada

Eu queria também
quem sabe, um som de neném
a ecoar nas paredes do passado

Eu queria um mundo de abraços
De crianças e adultos embalados
De verdades e carinhos
Sem ter fim


Eu só queria um sonho alado!
Ter estado ao lado, quem sabe
Do escritor de risos do destino.

Márcia Poesia de Sá – 02.06.2011