segunda-feira, 25 de novembro de 2013

É tão efêmera esta vida, tudo passa tão rápido! que penso que deveria existir um dispositivo para guardar na língua, o sabor de cada beijo ou gargalhada!!! ...para guardar nos braços, todos os abraços, e por fim...um clipe accessível, onde pudéssemos assistir novamente, cada instante em que estrelas nasceram em nossos olhos!

Márcia Poesia de Sá.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Eu não preciso ser compreendida!
não quero ser entendida!
não ouso me explicar
eu sou o que sou
e isso me basta
assim...
só isso.
Se me sentires,
já me abraças!


Márcia Poesia de Sá 
Acordei e ouvi por puro acaso um canto de Aracuã, passou voando aqui pela mata, pronto só isso que passaria desapercebido pela maioria das pessoas me agarrou o cérebro e me levou em um instante
a idade de dez anos, uma grama úmida sobre meus pés, a cor das buganvílias me enchendo a retina, de um vinho ensurdecedor! a brisa que vinha cortando o pomar, e o viveiro novo imenso com uma goiabeira dentro! eu ainda não sabia porque papai o havia construído, mas era a única maneira que ele tinha de ter alguma ave já que eu sempre soltava seus passarinhos. Seu João, ajudante da casa já havia colocado água, comida lá...fiquei por uns instantes feliz e triste. É, alguém definitivamente chegaria, e acho que desta vez não vou poder libertá-la não...Em uns instantes a buzina do carro de papai, pam paramranpã pam pam! e lá vai seu João correndo da vacaria para a casa todo feliz, sentei na cadeira da piscina e fiquei só ali observando o movimento, ao longe os marrecos de pequim e os gansos tomavam banho no larguinho a também olhavam para a lateral da casa, então vieram papai e seu joão com aquelas criaturinhas, feias de doer! sei lá um misto de galinha com pombo e uma pitada de Deus me livre!
Havia umas cinco eu acho, colocaram lá no viveiro e ficaram conversando entre si, fui ver de pertinho e levei logo uma bicada no dedo para deixar de ser tão metida, me aquietei e fui para o terraço. A partir desde dia nunca mais houve silêncio em nossas manhãs como se já não bastassem os gansos e seus quéquéqués...aquelas senhoras gritavam gasguitas como loucas áracuã...áracuã...áracuã...

Voltei desta memória com vontade de abraçar meu pai, saudade que nunca passa...
Esteja bem meu amor onde quer que estejas...

Márcia Poesia de Sá.
Caixa negra.

O que seria? O que de fato, significaria esta brincadeira do destino, estariam sentados em volta duma fogueira, por entre ecos de gargalhadas: Eros, Hades, Posseidom, Hermes, Zeus, e todos os outros deuses do Olimpo?!
E entre um levantar de taças já pelo décimo segundo ou décimo quinto brinde, bradando e sorrindo entre si, quase esbravejam: 
_ Que seja cumprido o desejo dos Deuses unindo a fascinação à loucura! Brindemos! 
...
Sinceramente ainda não sei, penso apenas nestas inquietudes; e entre lixas que agora já penso em jogar fora, uma vez que o raspar do limo finda quase, sinto-me nu perante os espasmos infindáveis deste destino, tão doce e no entanto ainda assim, com um sorriso enigmático que exaspera todos os meus parcos neurônios.

Tento desesperadamente acender um fósforo e queimar alguns medos, sinto a umidade que recobre ironicamente a pólvora de cor rosa (e também, esta cor é uma piada de péssimo gosto, Rosa? que cor enjoada para algo que explode em chamas após, um friccionar mais forte, nada ha de rosa no queimar e fumaçar exaurindo-se e enegrecendo-se a olhos vistos.) Umidade esta, advinda do bolor aprisionado nas grades do tempo em que a cegueira foi escolha.

Mas como o fogo se nega a acender rasgo os medos em ínfimos pedacinhos, tentando assim partir-lhes todas as tão bem fundamentadas fibras ilusórias, todas e uma a uma, banhadas de desistências, de sensações de fracasso, e por fim, a ultima caixa de medos, esta, negra e com cadeados repletos de segredos, dos quais é difícil para mim lembrar, códigos antiquíssimos que na época em que a tranquei me eram de alguma forma sensata escolha.

Angustio-me a trocar número por número, rastreando memórias, datas, ocasiões na ânsia febril de encontrar as sequencia correta mas os cadeados, me sorriem com olhos estáticos, ruminando pensamentos, balbuciando coisas que eu não entendo.

Paro por uns instantes, pois agora, a pele de meus dedos já ardem, vou até a rua acendo um cigarro, tento pausar a mente, quem sabe assim me venham displicentemente os famigerados números que travam aquela maldita mala! 
E um cigarro se transforma em dois, depois, três, e o amargor que na garganta agora se fixa, tem o nítido sabor de meu desespero.

No céu nuvens me tapam a visão da lua, o que só piora este meu estado de absorta catarse de mim mesmo. Infligindo-me esta escuridão de tudo. Sinto-me um iceberg solitário, em meio a um mar onde navios ha muito ausentaram-se da rota. E embora saiba que fui eu mesmo a recolher-me nesta gélida maresia d'onde hoje pertenço.

_ Mas e os números?! preciso tando lembrar-me deles, e desta vez tisnar os medos trancafiados na velha caixa, negra.

Subitamente, algo me vem a mente e com passos alucinados, carrego este amontoado de ossos, veias, sangues e músculos aos quais denomino de eu, para dentro da sala, onde a caixa paira ironicamente inerte. Agarro-a com a ferocidade dos famintos, e a ansiedade congela-se em meus olhos:

7...1...B...9...8...A

Um clique invade o silêncio da minha ofegante respirações, a caixa abre-se, como abrem-se para mim, na frequência das horas, as pernas inúteis. Em seu interior, milhões de folhetos, pétalas sem cor, tanta dor embrulhada em papiros amarelados, muitas lágrimas guardadas em pequenos vidros de antigos perfumes, algumas descoloridas fitas do senhor do Bonfim, usadas e dilaceradas por tesouras, pela absoluta impaciência de crer na demora desta obsoleta fé.

Um cheiro amadeirado de destroços de mim, adentra as narinas, pulmão, passando pelas silenciosíssimas cordas vocais, e galgando meu cérebro, como se pudesse este aroma, fazer-me retornar aos meus calabouços, acorrentado estou, pernas, braços, mente, e alma tão infinitamente, que neste instante, choro.

Tentando arduamente continuar, respiro fundo, levantando o corpo exaurido, balançando a cabeça quase que convulsionando, 
para todos os lados numa tentativa objetiva de fugir de tais pensamentos. Afinal, abri a caixa dos medos, com a intensão de livrar-me deles, de uma vez por todas, e mesmo com a alma em chamas, é exatamente isto que irei fazer.

Empurro com desdem para o interior da caixa tudo que nela ainda vive embolorado, carrego-a pela casa, até o quintal, retorno correndo com uma garrafa de álcool numa das mãos e fósforos na outra. Olho pela ultima vez aquela terrível paralisia!
Derramando como cachoeira sobre ela o liquido de cheiro ativo que a umedece por fora e por dentro como um banho da morte.
Risco o fósforo, jogo e me afasto rapidamente.

Uma explosão e todos os aromas agora viram apenas fumaça, brasa, pó...
e do pó ilusório ao pó real, agora me assisto finalmente respirar e ousar sorrir, novamente.

Márcia Poesia de Sá - 12.2013.
O sapato!

De repente apercebo-me mais jovem. Um jeito mais idiota de ser, (mais?! cruz credo!) 
umas coragens estranhas. Vejam só, caros leitores! que coragem é esta de escrever um texto assim tão alesado? pois é. Ando igual a musica de Legião Urbana: Festa estranha, com gente esquisita, eu não tô legal, eu aguento mais birita! 
Ontem encontrei com um amigo por pura coincidência, também pintor e poeta, amigo de longas datas, e dentre as muitas frases hilárias dele, a melhor foi: Tua loucura está ainda mais radiante, queria te pintar hoje!. 
Mas vejam só que coisa, além de doida ainda sou radioativa, reluzente, quase um abajur. Ontem, também fui comprar um outro tênis para mim, o meu de tanto abandono, se suicidou no armário, descolando-se de tanta tristeza, coitado!
Na primeira loja, odiei todos, na verdade não gosto de tênis, eles parecem um bolo de noiva e as pessoas ainda os enchem de cores, uma misto das obras de Pollock com um mau gosto descomunal!
Enfim, na segunda loja, encontrei um que gostei, menos colorido, e de uma marca que dizem ter tantos apetrechos que sinceramente acho que ele deveria ir caminhar sozinho e me deixar aqui com minhas poesias. O povo que cria o nome desses objetos mágicos tem uma criatividade gigantesca! 
Pois bem, encontrei a peste, e mesmo antes de experimentá-lo sai em busca de algumas roupas de ginástica, na mesma loja é claro! com o maldito na mão, para avaliar a cor em face das roupas, uma meia hora depois, com a sacolinha com alguns pares de tops, legs, e outras coisinhas, ( por falar nisto, porque não falamos em português heim? os shoppings de hoje em dia mais parecem um curso intensivo de inglês, que coisa mais ridícula! 
Mas, deixemos isso para outro texto. Voltei a área dos famigerados calçados e digo ao vendedor: Finalmente encontrei um senhor, pode me pegar este, no numero tal? 
E lá vai aquela criatura, com a cabeça cheia de nomes que certamente não compreende, mas repete-as exaustivamente o dia todo, em instantes volta ele: Infelizmente não temos seu numero senhora. 
( E agora José?! eu já tinha escolhido todas as roupas para combinarem com aquele diabo!) 

Respiro fundo, busco lá dentro da alma resquícios de meu Budismo aplicado e declaro: 
tudo bem, sem problemas, vou pagar as roupas então. Já com as roupas na mão, vamos lá apreciar esta área que as mulheres habitualmente adoram, mas que a mim produz um certo abuso: Shoppings! 
Normalmente eu passo mais tempo nas livrarias do que em qualquer outro lugar deste antro do consumo e das futilidades. Mas é divertido sentar na área de alimentação e observar...
Mães desesperadas com crianças pelas mãos a desejarem o universo todo de baboseiras que lá se exibem nas vitrines, garotas que nitidamente sem estilo definido, misturam, a calça da marca tal, com a blusa da marca tal e os tênis mais cobiçados do planeta terra, agarradas sempre a um celular que mais parece que está colado em suas mãos!
Sem comentar que a calça da marca tal, acaba com o corpo lindo delas, pois tem um corte tenebroso, que foi idealizado para as mulheres não Brasileiras, logo, sem as curvas que nos são tão próprias.
Observar os olhares dos homens que perdidos entre um chope e outra fantasia ficam ali mais parecendo caçadores de borboletas, e os garotões, meu Deus, eles malham tanto aquele corpo, que mais parece que vão em minutos puxar um caminhão com os dentes! 
E caminham como pavões alucinados sem enxergar um palmo na frente do nariz, já que o nariz assim como todo seu ego, só olha para seus próprios umbigos ... é, no mínimo é engraçado ver essas cenas. 
Mas, voltando a minha caça ao maldito sapato, depois de duas lojas a mais, e a acelerada irritação que teimava em aparecer e ser jogada fora novamente por minhas hábeis mãos, achei um, que além de ter wave, legend, cruzader, e até elixir! (hahahahaha (fala sério!) )
ainda era feito com fibra de carbono! ( cáspita!) segundo, o ilusionista que o tentava vender. Na verdade só o escolhi por ser confortável e ter um pouco das cores das roupas que eu já carregava.

Enfim, pessoal...
agora com esta máquina quase mortífera nas mãos, espero que ele faça a grande mágica de me levar para caminhar todo dia! o que para ele não será difícil, em face de seus dons de outro mundo. 

Abraços queridos! 

Márcia Poesia de Sá - 2013