sexta-feira, 20 de agosto de 2010


Um amor doce

Queria aquele olhar que amorna, só de olhar
Queria aquela mão, que tanto fala dos silêncios
Queria ouvir canção, dedilhada em olhares
Queria... Ah! Eu queria navegar em mares

Queria a poesia escrita a quatro mãos
Queria as quimeras em nossos corações
Queria as emoções tingidas de alegria
E toda harmonia de um poema lindo

Queria o pôr do sol com sons de arrebol
Queria a lua cheia valsando prateada
Queria no amanhecer, o nosso amor mais lindo
Morno, sonolento, quente, atrevido

Queria as certezas voando nas telhas
E luzes de um piscar, quase sumindo

Queria ver estrelas neste teu olhar
E quem sabe acreditar...

Que um novo amor está surgindo.

Márcia Poesia de Sá

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ontem estava assistindo a um filme um tanto antigo, mas que gosto muitíssimo ...
A Love song for Bobby Long ( Uma canção de amor para Bobby Long)...após assisti-lo e digasse de passagem, já não foi a primeira vez, recoloquei o filme apenas para me inspirar, tem umas canções lindas, além de algumas citações bastante interessantes.

E enquanto apenas escutava, me vi absorta a escrever...
(Uma das coisas que certamente mais gosto de fazer, deixar a imaginação voar livre, sem qualquer rédea ou limite)

Nasceram algumas frases, alguns escritos...

Pensei em retomar um livro que comecei a escrever a algum tempo, e ao som das melodias do filme pensei que poderia modificar o inicio dele.


Idéias novas para Camilla – A história

A porta entreaberta deixava passar uma brisa fresca que n’algumas horas do dia trazia consigo um perfume raro de sândalo. Ninguem na realidade sabia de onde vinha aquele cheiro.
Junto ao vento, uma morna lembrança fazia balançar as finas e brancas cortinas, e ela podia escutar perfeitamente, os sorrisos de crianças de outrora...
Um som baixo de violão, tocado com o coração, saia dançando da janela da casa à frente, e a voz rouca e morna de um homem cantava lindamente sua mais absoluta solidão e saudade.
Os dias naquela rua eram mais lentos que em qualquer lugar do mundo. E havia sim certamente, uma magia toda especial em cada fragmento daquele lugar. Era como se uma bela história estivesse sempre sendo escrita. A cada dia, a cada hora, a cada instante... Ininterruptamente.
Talvez morasse naquela rua um escritor invisível... Que teclava sem parar ao som da fumaça de seu cigarro que bailava entre as letras.
Subitamente, uma voz quebra aquela imagem absolutamente bucólica...
- ela chegou! Ela chegou!
E juntamente ao perfume de sândalo, adentra na casa agora um cheirinho de lavanda.
E um som de toc toc apressado corria pelo piso de madeira e se misturava as notas daquele violão.
Até que um som de trinco acido como toque nos pratos de uma bateria da o tom do abraço.
Continua...

Márcia Poesia de Sá – 16.08.2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Um fio de luz na minha paleta

Era madrugada, quando abri os olhos, e surpresa avisto na escuridão do quarto, uma luzinha que piscava incessantemente no teto. Ainda sonolenta imagino ser um vaga-lume, fecho os olhos novamente, já que o corpo estava ainda sem disposição para abrir a janela e libertá-lo.

E em meio à tentativa do retorno ao sono, começo a ver mesmo que por sobre as pálpebras a luzinha piscando ainda mais perto! Abro os olhos e a vejo, absolutamente perplexa!

Era tão pequenina, mínima mesmo! Com seu corpinho de mulher, extremamente bem delineado, cabelos levemente dourado, e um sorriso encantador.

Nos olhos trazia toda a essência da alegria, por traz de seu corpinho em tons de verde e azul brilhante, longas asinhas tremulavam ainda mais rápido que a dos colibris, carregava nas pequenas mãozinhas toda a pressa, que demonstrava, ao sacudi-las freneticamente para mim, como se quisesse que eu me apressasse também.

Neste momento me dou conta do absurdo do que estou vendo, e me assusto...

Ela some e torna a aparecer a luzinha apenas, que ainda mais rápido pisca e pisca.

Tento adormecer. Chego a imaginar que aquela belíssima visão, foi só imaginação de quem escreve e pinta... Vai ver foi porque ontem eu passei boa parte da tarde fazendo gnominhos de biscuit...

Mas de nada adianta, a tentativa de colocar lógica no que era absolutamente real. E com os olhos fechados, escuto em meio ao som de asas, um chorinho baixinho...

Abro os olhos e desta vez sem medo, mas decidida a saber o que era aquilo.

À vejo sentadinha na ponta de meu travesseiro, abraçada com as perninhas, cabecinha baixa, chorando... as asinhas neste momento me deixam ver veios dourados, parecia mesmo um bordado, era linda...e trazia na face um certo brilho de purpurina...

Pergunto:

- quem é você? Como posso te ajudar?

Ela rapidamente levanta a cabecinha, impulsiona o corpinho para frente e voa para bem perto de meus olhos! Não consigo compreender o que ela diz uma voz um tanto estranha, até parece som de metal sendo polido... Mas as mãozinhas voltam a tremular frenéticas!

Decido me levantar... E ao mais breve movimento meu, ela vai se afastando rápida e me direcionando a porta do meu quarto, sigo-a.

Passa pela cozinha, corredor, dando pequeninas cambalhotas em meio ao vôo, como se estivesse muito feliz e pára na porta de meu ateliê, bem pertinho da fechadura. Ponho a mão devagar, pois temi machucá-la, neste instante avistei um largo sorriso do serzinho lindo.

Abro a porta e vejo neste instante, uma das cenas mais lindas que já vi na vida...

Lembrei-me que na noite anterior, havia esquecido a maleta de pintura aberta, e deixado uma tela branca recostada no chão, esqueci de colocá-la no cavalete e cobrir.

Pois esta mesma tela estava quase que toda pintada. E sobre ela neste instante havia uma centena de luzinhas como a que me acordou há pouco...

Na tela, em tons divinos, a paisagem de uma mata, ainda escura, mas com raios de luz e cor por toda parte, e na parte inferior, um lago transparente com pedrinhas no fundo... Aproximo-me, e a luzinha que havia me acordado, neste instante senta-se em minha mão, como se quisesse mostrar-me o que fazer. Sento no chão mesmo, olho os meus pincéis, mas antes que eu pegasse algum, uma luzinha verde traz para mim um pincel diferente... Quase transparente...

E vejo ai, em seus pelos depositado com muito, cuidado... um pozinho prateado.

A luz ai se transforma em outra mocinha, senta-se em minha mão e direciona meus dedos por sobre o pincel... Puxando-me lenta e suavemente para a tela. E quando avisto em meio à mata, num galhinho quase imperceptível... Uma pequena borboletinha presa na tinta, ela me parecia também ser pintada, mas seus olhinhos eram reais e estavam angustiados. Passei o pincel repleto de brilho sobre ela... Que neste instante, se solta da tela, revoa feliz sobre mim... E pousa na minha mão e rosto, deixando em mim um caminho de brilho. Volta à tela e desta vez pousa numa pedrinha do riacho, que se sobrepõe a água. Neste momento a borboletinha vira só pintura.

A luzinha que me acordara, aproxima-se de meus olhos sorrindo, e com as mãozinhas mais calmas abraça meu rosto e sinto um beijinho gelado.

Todas as luzinhas voam em um movimento ritmado, fazendo uma estranha e bela forma circular que se desfaz em fio na frente de meus olhos... E zarpam com rapidez para dentro de minha paleta...

Suspiro, inebriada... E me pego a observar mais atentamente a tela em minha frente, começo a perceber vários desenhinhos pequeninos... Fadinhas nas arvores, gnomos escondidos por entre os matinhos... Que tela maravilhosa, e os seres são quase imperceptíveis, mas estão ali como pintura... Corro os olhos rapidamente para o lugar da assinatura, afinal eu não havia pintado aquela tela...

E a surpresa foi espetacular!

Havia escrito no lugar da assinatura num lindo tom dourada e certamente a assinatura mais bem feita que eu já vi:

Márcia Poesia de Sá

sábado, 14 de agosto de 2010


Rumos

Traços riscados no papiro de uma vida
Amiga bendita, a tal da memória
Inglórias lutas que foram vencidas
Batalhas silentes no palco das horas

Entrar e sair de sonhos rasgados
Nadar, mergulhar em seus pensamentos
Momentos, instantes... Alguns Tormentos
E seguem o caminho sem olhar para trás

Os olhos são lagos de esperança
Que refletem as verdades pintadas à frente
Na alma, a direção delineada
Entre curvas, segue esta gente

São tantas as possibilidades...
Que os mapas escritos perderam o valor
E com o lápis do tempo apontado para frente
Riscaram na face, os veios da dor.

Márcia Poesia de Sá

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Confissão masculina

Tal qual um pequeno oceano
Insurgindo-se contra os rochedos
Somos as fúrias da mitologia
E a calma brisa em arvoredos

Como berro gritante e pontiagudo
Queremos quebrar os espelhos absurdos
Resguardando entre calados soluços
Os interditos desejos de chorar

E neste poço fundo, coração,
Navegam mares, tantas caravelas...
Nas raias dos desejos, exasperam-se
Quimeras de embustes hormonais

Velejo dentre calmaria e tempestade
Entre lanças de destino, controversos
E levanto minha bandeira escarlate!
Sou homem, sou criança, sou diverso

Amamentado no seio na vida
Amadureço sob o quente sol
E guardo em meu peito, escondido...
O morno cueiro de meu arrebol

Márcia Poesia de Sá

domingo, 8 de agosto de 2010


Eu e ele

Comíamos a madrugada em favos

Nos lambuzávamos de mel e rimas

Já não haviam relógios descalços

E a hora se fazia minha...


Tão minha quanto tua, tu dizias...

Enquanto nós voávamos assim,
Éramos dois, e a noite se avizinha
Para calar tão fundo, ao coração

Eram poetas mortos, em revoada
E dois versos vivos em erupção

A lua nossa eterna namorada
No coração um mar de emoção

Em gotas sólidas de puro êxtase
Na madrugada quente fervilhante

Mas o zumbido deste frio errante

Fez acordar o sol já exultante


E só lamento, este amanhecer...

Márcia Poesia de Sá – 08.08.2010

sábado, 7 de agosto de 2010

Meu pai me ensinou,

Ele em sua sabedoria dos anos (sou a caçula e quando nasci ele já tinha mais de 45) que a pressa em se tratando de amor é impossível. Ensinou-me que meia hora de olhos nos olhos é bem melhor que um dia atarefado, me ensinou que a verdade é sentida num olhar, e que ele nem sempre estava certo, mas tentava com todo o coração...
Ensinou-me que no céu moram estrelas, contava-me todas as histórias e constelações... Adorava ver os desenhos feitos nas nuvens, fiz isso com meus filhos quando chegaram...
Mostrou-me os reinos encantados que existem no fundo do mar, ah! E como ele adorava fazer isto! Ensinou-me a ser doce... Encantou meu pensamento, fez de mim o que sou hoje.
Plantou com tanta certeza que floresceria a “fantasia em minha mente.”
Ensinou-me a sentir, a ver... A transcrever o que sentia...
Cada pequena lição, cada pequena memória hoje tem o gosto mais gostoso do mundo, o gosto daquele abraço, um abraço morno de urso que me fazia pensar que o mundo poderia acabar naquele instante, e que eu estava no único lugar onde eu desejaria estar.
E desde que ele foi morar naquela constelação que ele adorava, sim, ele está lá.
Sinto-o mais dentro de mim do que nunca. Com a grande certeza de que ele está aqui em casa também, nos olhos e sorriso de meu filho mais velho. São idênticos, quantas vezes não me pego comovida olhando para um e vendo o outro. A vida é sábia, e os verdadeiros amores são mais que eternos!

Feliz dia dos pais... Eternos amores dos filhos!

Márcia Poesia de Sá

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Grata ao poeta Anlub pela parceria e ao meu amigo Sacharuk pela belíssima formatação.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Espera amor...

Espera o vento que passa na neblina
difusa sensação que me encortina

Pintando só de branco minha retina
em tufos de algodão da nuvem sã

Espera que a lua se aproxime
exprime teus poemas com o silêncio

Pois ja te li em negras ondas fundas
num mar de incoerências, tu declamas

Espera que eu te ame em outra vida
Pois esta ja esqueci tua guarida

e hoje sigo o amor, que não pintei.

Márcia Poesia de Sá
Curvas insolentes

Meus passos já cansados perpetuam-se de verde, sigo...sigo infinitamente.
Avisto a curva que se abre aos poucos, traço suntuoso de paralelas nuas. Há nas estradas deste tempo tantas curvas. Paro, penso e apenas sigo, minto da reta a verdade da curva e o vento me acompanha as cambalhotas. Folhas laranjas vão pintando a paisagem, e os assovios dos bambus fazem musica para mim. Após o sol e duas luas, chego finalmente ao ponto que penso ser o final, passo pela porteira... Arranco uma florzinha, esfrego os olhos e o que avisto?
A maior de todas as curvas, o retorno definitivo ao âmago de mim, cheguei nas transparências das cascatas e entre rochas e peixes vermelhos o som de água me acalma.
Curva definitiva, após o ponto que eu mesmo risco. Que seja, pois o fim do abismo, e a chance universal da reta infinda. D’alma poética tantas linhas... Choram em silêncio o ultimo traço.
Após a porteira eu passo...apago a curva e apenas sigo.

Márcia Poesia de Sá

Arrumando meus pinceis

Hoje decidi arrumar a mala
Lavar a cara, pintar sem cor

Hoje joguei fora tintas velhas
Pinceis já sem pelos
E minha dor

Hoje passei verniz nos olhos
E nas paletas assim, bem cruas

Já arrumei em filas minhas telas
Minhas veias, minhas ruas

Já arquivei antigos croquis
Amassei desenhos esquecidos
Derramei no lixo todos os bichos
E os óleos de linhaça, velhos, líquidos

Varri o ateliê de antigos sonhos
Acendi incenso de benjoin
Tudo isso fiz assim,

Só para amanhã recomeçar mais uma tela.
E que haja nela, uma paisagem clara e bela
Quem sabe eu pinte uma janela
Com flores de amor perfeito
Lilás e amarela.

Na floreira,
Que aromatizará todos os versos
Que Amanhã cedo, brotarão
Na minha alma.

Márcia Poesia de Sá

É preciso, é possível

É preciso precisar e saber buscar...
O infindo e fecundo silêncio de cada um
O uno entre nós e nós mesmos
É preciso ler o que ainda não foi escrito
E saber as inspirações vindouras
Após o calado grito!
É preciso ir, apenas.
É possível ser... viver...sorrir
Achar graça das quedas, aprender com elas
Como criança ao andar de bicicleta
É possível doar, sem doer.
Amar sem sofrer
Cantar e desafinar, e daí?
É possível errar e corrigir
É possível se permitir.
É necessário cantar com olhos
Sorrir com as mãos e pintar com a voz
É absolutamente possivel assinar com sangue
Sentir com pulsar...
E pousar...
Quando cansar.

Márcia Poesia de Sá – 29.07.2010

Voltando definitivamente para casa.

Meus olhos já cansados do sal e do sol se confundiam de verdes.
O esmeralda do oceano abraçava o mata de teus olhos, e os meus já misturavam todos os tons. O mar revoltado e arredio nos declamava mais uma noite de cordas entre mãos e arrepios de tempestade.
Éramos só nós e o veleiro já se mostrava cansado. Na pequena cozinha um pouco de peixe e um vinho branco, a ultima garrafa. Precisávamos aportar na ilha o mais breve possível antes que as fomes do corpo nos decapitassem a calma. As nuvens negras pouco iluminadas pela lua começam mais uma vez a se jogarem contra as velas e o sal cortante escorre em nossos corpos já gelados. Tantas horas se passaram ali, que perdemos totalmente a noção de tempo, de fome, de estar ou não vivos. A única coisa quente que sentíamos era o sangue que escorria das mãos ao segurar com força as cordas e o maldito e profundo desejo de chegar. Já era quase manhã quando avistamos a colina. Parede gigantesca de rochas, e sobre o penhasco agressivo, o nosso lar. Mais parecia um pesadelo fantasiado de sonho. Ele estava triste e sem vida sem nós, senti falta do flamboyant, e das crianças que antes corriam nos jardins. Agora éramos só nós...em nós. A água da praia tingia-se de sal e rubi... Descemos, caminhamos no mais puro silêncio até o topo da colina. Tudo estava tão frio, tão vazio. Olhamos-nos profundamente nos olhos, como a muito não fazíamos. E pela primeira vez em anos, senti teu sorriso querer aparecer na face queimada de sol. Aproximamos-nos do desfiladeiro... Demo-nos as mãos e voamos finalmente ao nosso chão.

Márcia Poesia de Sá

domingo, 1 de agosto de 2010


Gosto de festa

Às vezes sinto um gosto que desejo, sequer sei se o defino.

É um gosto nada franzino, e pulsa como um lampião. Não sei se já viram em cidades históricas, quando a lua fica bela, os lampiões estalam amarelos em ruas cobertas de pedra.

...Seria um gostinho assim... Gosto que pulsa em mim.

Às vezes doce escorregadio, quinem calda de pudim, é ai que nascem os infantis, as memórias da menina que ainda vive por aqui.

Mas tenho dias de gosto amargo, de escadarias frias... De uivos de lobos nas bocas dos dias, ai nasce à maioria das prosas... As que trazem na alma tantas linhas e paisagens em tons de verde musgo e cinza.

Os gostos que me surgem mudam de dança, depende da temperatura do pensamento, ou do cheiro das manhãs...

Minha escrita mais parece delicatessen importada. Têm em algumas noites, gostos estranhos de nada. É como se eu saboreasse o mais fino doce da Grécia, não sei quais foram os ingredientes, apenas o descrevo em cascatas.

Sinto na ponta da língua, a doce necessidade. Mas no fim da garganta expande a amargura das taças. Minha poesia eclode como bolhinha em champanhe.

Algumas vezes comemora, outras apenas o gás expande.

Márcia Poesia de Sá –0 1.08.2010