sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


Te amo


Alem da pele, além das entranhas!
Te amo além das duvidas,
e dos medos
Te amo além das montanhas

Passo por vielas e becos
Corro por planícies infindáveis
Morro e nasço tantas vezes
(Isso me parece verdade...)

Amo-te para alem da compreensão,
onde a razão me parece fecunda
Morta em lapide de mármore,
E a ilusão sobe ao palco
Onde aplaudo-te chorando.

Ah! Eu te amo meu poeta.
Acredite nas paginas queimadas,
Pois mesmo após queimarem Roma
Ainda assim...
Há história.

Amo-te mais que a vida,
Mais que o verso!
(o incompreensível.)

Sou sensível, te leio
Mesmo quando estás tão contrito
Quando teu silencio te mata:

Leio-te como espírito.

Márcia poesia de Sá

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


Adeus meus olhos.

E mais uma vez me debruço na minha própria pálpebra
Tentando enxergar o fundo de meus olhos
Buscando nas ranhuras esverdeadas
O pouco de umidade que restou...

Havia musgos decorando as estradas
E margaridas que plantei quando te vi.

Avisto só o cinza da descrença
Em linhas qual poeira em estantes
Guardando a escravidão em vias lentas

E a dor que me absorve, me engloba!
Comendo aos poucos toda a minha calma
Lateja em meu ventre sem parir...

Sinto-me fraca, amarrada a luz da lua
E até sonho em soltar-me de uma vez

As madrugadas rastejantes são tão frias
E nos meus olhos, eu só vejo a morbidez

Escuto os raios, vejo a luz está chovendo...
Chovendo tanto, que inunda meu olhar
Mas há uma seca de esperança em meu lamento
E me despeço sem vontade de voltar.

Márcia Poesia de Sá

Escritor de poesias

Quem das que cultivo dentre folhas
Conseguiria sobreviver ao teu vazio?

Silencio na madrugada fria, tua ausência
E na presença de tuas folhas
Desnudo meu coração

Acariciando-lhe a alma
Relendo tua emoção
Já não me sinto só
Estás comigo
Á cada pagina, mais um abrigo.

Quem das que cultivo em mim, te ama?
Provavelmente todas as que em minha cama,
Dormem contigo.

Acariciando a borda do travesseiro onde despenco
Ou na mesinha iluminado pelo abajur
Sei que velas meu sono
Como velo tuas palavras

Quando sonho.

Márcia Poesia de Sá


Brunel College

Memórias do Brunel

É não adianta tentar
Eles não saem de mim
São anos eternos
Tão doces que até dá medo
Não saem de mim
Os perfumes que usava
Nem o frio da janela
Nem o calor dos pubs
Nem as ondas de sorrisos e linhas desentendidas
As várias línguas nem sempre compreendidas por si só
Eram malabarismos de jovens
Mímicas das almas que precisavam se comunicar...
Não sai de mim, teus horários
Os big bens do passado
Os castelos e lembranças
Não sai de mim a juventude
Nem os abraços de adeus...
Nem os pulos de alegria dos retornos
O cheiro das bibliotecas
As canetas nas janelas
Os textos...os textos...
Não sai de mim o teu sol frio!
Nem a lâmina de gelo recém derretida
Que sempre me fazia escorregar
Os cachecóis da ternura
As camadas de lã como armadura
Que tantas vezes ainda sinto carregar...
Não saem de mim jamais!!!
Os teus cheiros e gostos
O palavreado calmo e bem posto
A alma que vive em mim
E que só reconheci
Ao chegar lá...
Vivo hoje no sol dos trópicos
E minha alma ambígua
Ainda comenta do tempo...

Márcia Poesia de Sá

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais...
há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma
compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem
onde está, que tem saudade...

sei lá de quê!"


Florbela Espanca
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre...

à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Foto tirada por meu amigo Ripp


A paleta de Deus


Lilases, amarelos , azuis e vermelhos
dançando Nus ao som da manhã...

E a brisa cantava a magia em rufos de vento
Enquanto um amigo te olhava atento...
sabendo que eterno será teu amor.

E a cada passo que dividem
afundando na areia as distâncias
com pegadas de passos e risos
confissões e rabiscos

Plantam a semente da união
na tela de beleza e afeição...

Em cada manhã
pintada por Deus,
com requinte!!!

Márcia Poesia de Sá

( Poema para Ripp e Kan, seu fiél amigo)


sábado, 5 de fevereiro de 2011


O escritor

Os dedos desfilavam no tablado, saltitando letras como crianças brincalhonas, e em frente aos olhos deixavam rastros de passeios e viagens tantas. Os sons estavam adormecidos e a mente fazia festa. Criatividade e improviso namoravam soltos em janelas e por entre frestas.

Algo dele se ausentava, e outros tantos tomavam lugar, lugarejos afastados já compunham seu luar, casarios nas montanhas, caças em matas, pescas em rios. Mulheres, homens, calores e frios... Não era mais apenas um ser humano, era da vida um andarilho. Escavava outras trilhas, outras almas e sentires, e na pele ele sentia outros sons, gostos e matizes

Poderia mudar de nome, de lugar, e mesmo de sexo. Era alma errante, nada o mantinha quieto. Um prazer surreal de descansar sua alma fazia dele teatral, pintor, artista, santo ou demônio. Nada deixava uma pista, do que ele seria após aquele ponto...

Enquanto as horas o engoliam, uma certeza bradava: ele era tantos em si, e ainda um outro em cada alma. O ser seguia sua sina, criando mundos na espera da próxima história, observava os detalhes descritos por cada hora, e os dedos brincalhões aos poucos vão envelhecendo, mas a alma dele era criança, dormiu a maior parte do tempo!

Até que um dia os dedos param, cansados. Enquanto as histórias ainda dão saltos, nos olhos daquele ancião. Quem sentar-se ao seu lado, e der-lhe um dedo de prosa, voará com ele aos outros mundos e sentirá na face os perfumes de todas as auroras.
Mas se finalmente ele partir, estejas certo: será bem quisto em todos os mundos que ele criou, por certo!

Pois um escritor jamais se apaga... Ele apenas assume um de seus personagens, e escreve ainda finais incríveis, nas criações dele, que jamais morrem.

Márcia Poesia de Sá