domingo, 23 de dezembro de 2012


Fazendo parte de três mundos

Ha tanta reticência fazendo amor com pensamento, tantos "se"s...
e a cada nova nuvem, seja de esperança ou de tempestade, o poeta viaja
apenas arruma as malas dos versos, tira a poeira da capa e sai...
Vai até a linha imaginária que divide a sanidade a outras coisas
Antes, escova os neurônios com uma escova macia
jamais soube do que ela é feita!

Ha tantos pontos finais se suicidando das linhas
nem eles sabem porque o fazem, apenas fazem
e o poeta vê...sente a dor que não o deixa ponderar
depois, escreve sobre ele...coisas de saudades, rancor e vazio
Pobre ponto final, tão equivocado...

E ha aquele mundo que todo poeta adora
o mundo onde os olhos casam com o silêncio, e tem como madrinhas e padrinhos
as utopias e devaneios. É um mundo basicamente lilás e azul turquesa...
lá, as nuvens são levemente doces, e a brisa tem aroma de mirra no final da tarde.
Quando está ensolarado neste mundo, existem vendedores de limonada
eles parecem borboletas e ficam apressados quando a vendedora de virgulas
passa risonha com sua saia de bolinhas...
Viver em mundos tão distintos e permanentemente mutantes entre si
é o que nos da este ar que dança entre o intimismo e a desatenção.
E nos faz em certos momentos, ver coisas que ninguém vê
e sentir fundo n'alma, essa reticência infinita.

Márcia Poesia de Sá - 23.12.2012