Alada
A noite
Aceitou a ida
sentiu a brisa
gélida
despedida
Aceitou a ida
sentiu a brisa
gélida
despedida
E...
Acertou o tempo
sentiu o eco
e o fel
do silêncio.
Acertou o tempo
sentiu o eco
e o fel
do silêncio.
A noite
concordou
foi cúmplice,
E ousou tocar o certo
e o errado...
concordou
foi cúmplice,
E ousou tocar o certo
e o errado...
A noite
Deslizou
quente
silenciosa
morna
fria
ventania
calmaria...
Deslizou
quente
silenciosa
morna
fria
ventania
calmaria...
A noite
cuja tez mais alva
branqueou
pulsou veias
seguiu...
cuja tez mais alva
branqueou
pulsou veias
seguiu...
A noite da mais alta sinfonia
camuflou urros
surdos sussurros
A noite, anoiteceu!
camuflou urros
surdos sussurros
A noite, anoiteceu!
Dançou
no mais branco breu
folha amassada!
Gaiola aberta
vendaval...
no mais branco breu
folha amassada!
Gaiola aberta
vendaval...
A noite
enluarou
ocultou
as bocas
estabeleceu
o silêncio
mastigou
estrelas
e cuspiu sangue
enluarou
ocultou
as bocas
estabeleceu
o silêncio
mastigou
estrelas
e cuspiu sangue
A noite
nomeou a dor!
estacionou
...os sonhos
Partiu flechas
e se foi...
nomeou a dor!
estacionou
...os sonhos
Partiu flechas
e se foi...
E da noite
Só um ser sem ser
uma letra fluida
num lento
lamber de auroras
e o sinal
do tempo...
e este som de vento!
Só um ser sem ser
uma letra fluida
num lento
lamber de auroras
e o sinal
do tempo...
e este som de vento!
Ha noites
Em que a própria Poesia chora...
Em que a própria Poesia chora...
Fala manso,
e até sorri
mas ignora...
e até sorri
mas ignora...
E no peito da noite
uma
farpa
vibra
ao
relento...
farpa
vibra
ao
relento...
Alado
coração
na boca da noite...
nada não,
...só um
lamento.
coração
na boca da noite...
nada não,
...só um
lamento.
Márcia Poesia de Sá.