Interessante nossas memórias olfativas. Há pouco eu estava na cozinha pensando no que faria para mim para o café, e decidi fazer uma papa de aveia, na verdade brinco que minha papa de aveia na verdade é papa de canela com aveia, amo canela e sempre exagero...
enfim, preparei e ao pulverizar mais canela por cima, aquele perfume me adentrou as narinas, o cérebro a a alma, algo na canela tem de fato este poder em mim. Voltei anos e anos, possivelmente eu tinha dez anos, não sei ao certo, mas numa fração de segundos cavalgava pela estrada da granja a caminho da casa de umas amiguinhas que moravam bem distante daqui, senti o cheiro da mata que em alguns pontos quase fecha a estrada, o vento nos cabelos e o pelo do animal roçando minhas pernas, a crina muito marrom a voar, vi também, enfim, cheguei, abri a porteira e entrei. Sim, neste tempo de minha infância não nos preocupávamos com cadeados...
Encontrei-as já descendo para o rio que corria atrás da casa e tinha a transparência dos bons pensamentos, senti todos os cheiros e sons daquele lugar que eu gostava tanto de estar, a água muito fria, o cheiro de bolo de milho, e os gritos do papagaio, ouvi também... enfim, foi uma boa viagem ao passado. Voltei para finalmente tomar café e meus cabelos ainda estão molhados do mergulho que dei. Saudades com cheirinho de canela...
Márcia Poesia de Sá.