Hoje vim reler, a min’alma, que de tanto falar, às vezes cala
E me deixa sem saber o que fazer...
Sabe, é como quando nós estamos em um lugar muito barulhento
E de repente agente para de escutar.
Isso acontece com vocês?
Comigo acontece sempre.
Ou quando o assunto não me interessa...
Ou quando me irritam as futilidades...
Ai, desligo os botões
Mesmo não sendo intencional
Alivia muito...
Entro no meu mundo e fico lá a meditar, ou escrever mentalmente minhas linhas
É bem melhor ali...
Mas hoje minha alma doeu!
Uma dor intensa e não identificada
Ou ao menos, que eu não quis identificar, ainda...
E ainda não quero
Na verdade eu só quero tatear o sentimento
Mas não compreende-lo na lógica
Penso que esta lógica pode fazer com doa mais
E hoje não estou masoquista.
Penso que algo deva ter magoado uma antiga dor
Mexido em cicatrizes aparentemente curadas
Ledo engano... Cicatrizes da alma são raras de curar
Elas só são esquecidas.
A proximidade pode doer!
Enquanto que uma ausência ou uma distância observada
Pode até mesmo nos dar a impressão de cura
Impressão... Impressionismo...
Veio-me a mente uma tela de Monet
Onde chamas amarelas tomam um navio
Na verdade creio que seja mais ou menos isso que estou sentindo...
Boca fechada... Olhos mirando além...
Vendo quase uma miragem riscada em grafite
Quase apagada...
Mas sinto as labaredas na garganta!
Márcia Poesia de Sá
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