domingo, 7 de novembro de 2010


Os cheirinhos de nossa memória

Era finalzinho da tarde e o sol já pintava de laranja o antigo azul, sentada na colida com um vestido branco, a menina riscava no chão arenoso, círculos infindáveis enquanto seus pensamentos rodopiavam juntos a seus aros...
Da mata tranqüila um perfume de água, terra molhada pela chuva fina que a pouco caira, inundava seus pulmões e num suspiro profundo, ela se levanta devagar, ela lembra-se de quantos e quantos anos brincava por ali quando criança, de como pareciam gigantes as arvores que hoje lhe são como amigas eternas, a dois passos de onde estava pega no chão uma florzinha de mato, era uma orquídea mine, de cor roxa, a menina a observa bem de perto, no pistilo central uma cor amarela contrastava... Como contrastava seus sentimentos e pensamentos com suas atitudes. Ao se aproximar da casa grande escuta um som encantador a senhora Anastácia, que cantarolava mais uma linda canção e o perfume de torta de morangos denunciava que a tarde tinha sido doce para ela... Pé ante pé ela sobe as escadarias... E no meio da cozinha deitado no solo friozinho, o gato Zeus dormia de barriga para cima... Ela entra, corre para servir-se de torta... Que ainda morninha, ficava ainda mais gostosa... Ao fechar os olhos, ela volta uns dez anos... E se vê pequenina, sendo ninada pela mãe... Era comecinho da noite e a menina e seu vestido branco, sumiram na mata... Mais uma vez... Ela retorna então a sua realidade. Ser um espectro perdido entre o real e o imaginário. Entre o ontem e o hoje... ela sempre volta a sua antiga casa, quando os aromas ou a saudade a despertam... E lá na cozinha Dona Anastácia comenta... Ah! Que pena que Camilla não está mais aqui, seja lá onde estiver querida saiba que fiz esta torta para você.

Márcia Poesia de Sá

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