quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Folhas, mil folhas de mim...



Já percorri tantas bibliotecas em mim

Que chego a ver corredores em minha alma

Há portas e portas, prateleiras e prateleiras sem fim

Alguns livros sem poeiras, aqueles que mais folheio...


A coleção do vazio... Está no birô central

O livro saudade,

caiu ainda pouco de uma antiga poltrona...

E uma fraca luz de um abajur ainda o iluminava

Já o devolvi a estante, após tirar-lhe o pó


Umas anotações de ontem revoam as prateleiras...

E uma folha em branco me olha com afeto...


Sou a pena inquieta do arquiteto

A construir castelos de palavras...


Meus livros são da alma, o mais profundo,

O sótão de meu mundo já descrito

E as folhas hoje soltas de meu grito

Ecoam nas paredes sem cessar.


Bate então a porta! Um vento frio

Ocupa os corredores de minha dor

Desapareço em meio a alguns livros

Sou só a alma nua já sem cor


Márcia Poesia de Sá


3 comentários:

  1. Ficou Lindo!
    A contrução não deixou de fora a emoção.
    Um castelo feito por uma arquiteta que sabe colocar as palavras no devido lugar.
    Cada forma se encontra na forma da outra com levesa.
    E Assim o castelo se revela Perfeito.

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  2. Ola, meu amigo...que bom que viestes...

    um cheiro poeta, e obrigada sempre.

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  3. "Já percorri tantas bibliotecas em mim..." Esta frase revela um conteúdo complexo da vida, da minha vida, quando li tua construção em forma de poesia, esta foi a que mais resonou em mim. Qtos livros se escreve durante uma vida? E qunatos se escrevem em muitas vidas? Que tamanha é a biblioteca que trago dentro de mim? Belíssimo amada Márcia!Parabéns por tão bela construção!

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