sábado, 4 de janeiro de 2014

"Certa vez me perguntastes quem eras tu, bem, naquela noite eu não sabia. Hoje, quando a noite vai assim, virando dia, e faço do silêncio minha alma em sinfonia, esta agonia triste, que me queima inteira! quero crer que descobri quem és"

És 

Tu és o que sentes, até quando desmentes ou mesmo, mente que das mentes tu escapas. Tu és um todo, nesta difusa dimensão de átomos e esta fantasia que te assola, és o incêndio lancinante que ousas tentar apagar, tu és tão maior do que imaginas, meu anjo.
Maior que tudo, que todo o universo lírico, tu és o verso sem improviso, a entranha da palavra que vibra alucinada!

Ainda assim, barganhas ilusões enquanto dragas teu mundo, tu és o peito desejado, uma gruta milagrosa, do amor, o mais profundo! do abraço, o aconchego. És o coração machucado que me fez calar agora, Tu és a pele que se esconde quando a alma vai embora. És o açoite dos beijos, a ternura virando brasa, o favo de mel que se alastra em mim e brada, e este meu choro na madrugada.

És a onipresença do sorriso, a alforria dos olhos, a chave de meus cadeados, e a cachoeira que faz ceder o surto do meu fogo! És a calma sonolência do depois, a fruta madura da saudade, és tantos e sendo todos, abrasas minhas verdades. És o íntimo da noite, os becos de solidão, és o mistério da lua e um mar de devassidão!

Tu danças a valsa da magia, acende minhas fogueiras, risca uma estrela na areia e explode como um rastilho de pólvora, então, é assim que te sinto. Um clarão na negra noite! como uma estrela cadente, que se aproxima, brilha, faz sentir e sente, mas desaparece quando vem a manhã.

Mas nada poderia ser assim tanto...És a razão da minha loucura, o cerne preciso da linha reta, sou emoção! me perdoas? sou poeta. Não sei brincar de amor e não amar...

Então, amar-te mais que a vida é minha sina, sofrer por teu amor me dilacera e fascina, mas não te preocupa, eu uso a verve, enxugo este meu rosto em versos livres, e assim quem sabe algo sobreviva, de tu, de mim ou de tudo que vivemos.

E disto tudo resta-me só a morte, a morte de um amor que não amastes, mas das noites, guardo o vento frio, as estrelas do mar, os risos e os calafrios, guardo tua voz e os textos lidos, guardo teu beijo, quente e feroz na garganta minha, guardo o abraço, o arranhar e o adormecer.

Pois és assim, uma cicatriz que já não cura, um talho aberto que mesmo sangrando faz sorrir, que me amorna mesmo quando me congela, Um sonho lindo que para sempre vou guardar! enfim, creio que agora sei quem és, tu és o choque que avivou meu coração. E por fim, serás sempre minha estrela, em noites que como esta, rascunho a escuridão.

Márcia Poesia de Sá - 2014

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