Não brigues comigo
Não! não brigues comigo por esta mania que tenho de guardar doçuras em caixas fechadas, guardo por saber bom, por cuidar de estrelas desde sempre, e por saber que carinho é planta que não fenece. Não! não fiques triste comigo por ser esta inexatidão de rotinas, essas tantas linhas trôpegas que de quando em quando falam verdades. Mas que também como crianças atrevidas carecem balançar suavemente sobre os abismos por ora crescentes.
Sabes? guardo de tudo um pouquinho, anoto frases sem sentido e amo quando elas batem asas de mim e buscam seus recantos perfeitos em textos que ainda não fiz. Não faças esta carinha de bravo, pois tenho muitas caixas de risos guardados e se eu as abri agora, sei que não resistirás a espalhar as estrelas que dormem entre teus lábios, fazendo com que todo o céu se torne apenas um palco para este teu riso encantador.
E assim, enquanto a noite brinca de eternidade com os relógios, vou arrumando nossas caixas, e de pouco em pouco vou liberando espaços, dobrando abraços, enfileirando os beijos e sentindo tão perto o teu peito, que de uma caixa ouço-o bater. Bate adormecido, tranquilo como poema finalizado, acaricio a morna pele deste amor encantado, e deixo-o sonhando que é passado.
Não! te peço, não brigues comigo. Minha poesia se aninha entre travesseiros, e se brigares comigo, ela chora! mas se ficares assim quietinho ao meu lado, verás que as cores tecem bordados e que há mais brilho em meus olhos do que no céu estrelado, já que tenho esta mania de guardar retalhos, de colar cacos, de esquecer de horas e de te amar demais!
Márcia Poesia de Sá.
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