sexta-feira, 9 de maio de 2014

Até um dia

Até que um dia
acorde nu, descompassado
até que um dia
venha assim descontrolado
soprando nuvens pelos céus
como um deus grego do mar
um elfo
uma serpente
ou avatar

Até que um dia venha branco
como a alvura das brumas
a suavidade das plumas
o beijo solto
no ar

Até que um dia
percamos a batida
em taquicardias...
Até que as mãos se inflamem
virando cinzas no ato
um átomo
desintegrado
Célula
livre no cais

Até que um dia
se assovie o amor
pelas curvas traiçoeiras
de estradas verdes
camuflando
essa saudades
em orvalhos
e filetes

Até que um dia
quando olhos virarem flechas
e corpos
virarem mar
Quando o dia virar noite
num segundo fugaz
uno e nada
mais

Até que um dia
a brasa vire líquido
o verde escureça
a manhã anoiteça
e o mundo subitamente
estacionar

Até que um dia...
E até este dia!
horas ínfimas
bailar
de rinhas
a pena
tão louca
e plena
pena...
aguardará.

Márcia Poesia de Sá

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