sexta-feira, 2 de maio de 2014

Labir(into).

Nos tons da verdade da minha poética, vou como ângulo que cai da linha reta
desenhando escadarias que me são tão amigas, vou-me pois assim, aos passos calmos, ora descendo um passo ora subindo um abismo, ora bailando no ar, ora sentindo o sentimento mais bravio, abandonando-me na deriva do vil tempo, e ainda assim marcando um xis em cada manhã. Vivo na caverna deste sonho, e lá fora um mar arrebenta-se nos rochedos, sei da calmaria das manhãs, e das ventanias em noites de lua cheia...Sei do todo e do tudo, sei do quase nada por entrelinhas das inverdades, sei das tristezas dos sonetos inverídicos, e sei da morna sensação que invade ao ler uma prosa vinda d'alma. Ser poeta é um pouco este eterno descascar da alma, é dormir no colo de Zeus e acordar com baforadas de um minotauro, é reconhecer-me labirinto no infinito risco de um traço de neon. Ser poeta é saber-se não estar, mas sim ser e assim sendo, como as estrelas que ainda brilham há milhões de anos após sua morte, apegar-se a esta desintegração da certeza, e ser apenas isto, só poesia, só poesia, só Poesia.

Mesmo sendo a Poesia, toda esta inundada imensidão!

Márcia Poesia de Sá. 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário