Desonhos
Há umas coisas diferentes para seres que viram natureza, como eu.
Escutam árvores e elas em sua eterna paciência, respiram calmas
sussurram coisas, adoram contar histórias e aquelas mais jovens,
gostam de dançar e contam piadas!
As folhas das árvores que as preguiças preferem, costumam zombar delas
se entregando ao vento sempre que a preguiça se aproxima e tão devagarzinho estica o braço, ficando cada vez mais longe dela e sorriem entre si, as folhas.
Também ouço as pitanguinhas maduras, quando vai amanhecendo, algumas pulam dos galhos, as mais maduras e reclamam dizendo: prefiro virar semente que café de passarinho...mas algumas não e repetem faceiras :
- vem passarinho! hoje sei que vou voar!
A mata é um colo morninho de muitas vidas, e quando a noite vai indo embora ouço as janelinhas dos ninhos se abrindo, e mata boceja, as vezes fala de seus sonhos e se entrega sempre apaixonada aos raios quentes do sol que sempre a penetra suave, como carinho. Esses seres que viram natureza, entendem de tudo que não se ouve, tem dias em que mesmo na mata, eu acordo mar, ás vezes rios, e há os dias de deserto, dias de ser apenas paisagem, e os outros em que eu pego os meus pinceis, as penas e ai largo no ar coisas que vem dos meus sonhos, ou dos desonhos! quando durmo na grama ou afundo no mais absoluto azul marítimo...e só borbulho poesias e fantasias, broto, floresço, amadureço, caio madura no solo, viro semente...e tudo recomeça assim, infinitamente.
Márcia Poesia de Sá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário