quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Na silhueta da lágrima.

Há definitivamente traços que são impossíveis de serem verbalizados, 
assim como cores impalpáveis, e chuvas torrenciais do mais tórrido dos desertos.

Há fatos que não são captados pelas retinas assim como alguns que só por ela podem ser decifrados. Há uma mansidão letárgica no umbigo da explosão, e um borbulhar febril na cálida lâmina da água que fica nas folhas após a tempestade.
O mundo é cheio de ínfimos instantes extraordinários, que mergulhados numa pequenina lágrima conta histórias infinitas. Da alma que utopicamente ressuscitada, ainda em cortes e sangues, respira fundo este cheiro de silêncio, engasga, tosse e volta a adormecer, nesta silhueta mansa de rastros abissais. Onde pingam calmamente os sóis e os tempos, misturando-se entre si e diluindo-se em nadas e nesta dor fremente de um nascimento de outro inverno longo, acorda atordoada e disrítmica, caminha em passos lentos ao próximo peito da janela aberta e despenca livre para evaporar no vento...

Márcia Poesia de Sá.

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