quarta-feira, 30 de março de 2016

Poeminha de um tabefe translúcido.
Fui um energúmeno !
um anencéfalo
um pterodátilo tetraplégico
uma coisa qualquer onde não fui eu!
Mas eu sabia, eu sempre soube, de fato
que lá naquele terraço branco
onde eu envelheceria...
onde as cadeiras balançariam minhas memórias
que a poesia teria, um certo apego por mim
E que em sendo assim,
haveria algo de contemplativo no mar das verdades
um calor brando no peito
uma mão enrugada, que mesmo tateando o nada
tatearia um riso meu...
Fui irrisório
transitório
simplório
e vazio fio
d'onde desencapava
os nadas sombrios !
mas...
Eu sabia, ah como sabia...
que as manhãs de domingo não seriam assim tão enfadonhas
que haveria um riso torto percorrendo os corredores
e quem sabe um cheiro de perfume suave
no travesseiro ao lado
da cama em sonho
Eu sabia
que apesar da faca sempre cortar as sobras
haveria resquícios de sonhos ainda não sonhados até aquele dia
um milagre benfazejo, que iluminasse as noites sem lua
e um beijo...!
que de repente, tudo apagasse
como um conto que finda em suspiro
um eclipse lunar.
Como fim do livro
e o começo de um enlace
Fui um idiota descabido
um errante em tantos pontos
enclausurei tantos anos
compondo o inimaginável eu .
Mas eu sabia, ah....eu sabia sim !
que de todos os contos que contei
nenhum teria o final
que neste final, eu dei.
Márcia Poesia de Sá. 2015.

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