terça-feira, 16 de março de 2010


Doei a ti, meu ser

Doei cada dor, cada amor cada desamor
Doei cada sonho, cada desejo
Doei cada minuto cada saliva, cada saída
Doei o retornar, o novamente sonhar
Doei meus anseios, e os desenhos
Doei minha saudade e a idade
Doei os anos de paixão
Doei meu coração
Doeu...
Mas...
Doaria de novo cada segundo
Doaria a historia escrita no meu mais profundo
Doaria novamente cada cicatriz de tua semente

Márcia Poesia de Sá

quinta-feira, 4 de março de 2010

As borboletas

Como são lindas... Fantasiadas de gotas de tinta
Revoam o céu, re-colorindo tudo e sorriem, como sorriem...
Uma azul quase some quando a vejo no céu, parece água a pingar...
Os beija flores que moram logo ali, põe as cabecinhas para fora dos ninhos e riem comigo
Que algazarra... A margarida se exibe, o hibisco estica o pescoço e chama, mais para cá, por favor...
As abelhinhas que moram no coqueiro até esquecem os favos...
Mas elas continuam a sorrir
E elas voam, e voam... me distraio ...
E adormeço...
Sonho que elas me entram a pele
E escorrem de meus dedos todos os dias
Quando escrevo...
Qualquer dia meus poemas irão também voar...
Como elas faziam naquele dia...

Márcia Poesia de Sá
Sinto Fome de teu verso

De teu abraço em palavras
Da tua candura tanta...
Do peso de teus pensamentos

Sinto fome de poesia
E a sinto, todo dia
Como se ela não fosse
Minha eterna companhia

Acordo de estômago vazio
Azia de versos...
Dor de cabeça poética

Ando ficando esquelética
Preciso me alimentar de você...

Por onde andas querido?
Não deixe assim tão aflito
Meu peito já não consegue conter

Saudade eu sei que mata...
Mas se é saudade de poeta...
Ela mata e deixa rastro,
uma história em linha reta
A ser lida na estrada

Pois poeta quando chora...
Só nos vem pela memória
Os poemas em forma de gota

Então, meu amado...me escuta
Minha fome anda louca...
Se passares aqui perto...te peço
Põe um pouco de ti, na minha boca.

Márcia Poesia de Sá
Ontem

Eu pensei que tudo era azul
Que a água era infinita
Que o mar era amigo
Que a mata só crescia

Ontem eu cria
Que a alma era boa
Todo amigo era eterno
Todo amor era infinito

Ontem eu acreditava
Na palavra das pessoas
Nos olhares meigos, doces
Nas mãos como afago
E nos ouvidos, como cemitérios

Ontem eu acreditei
Nos juramentos das autoridades
Das pessoas, só verdades

Ontem eu fui assim
Hoje nem é tão ruim...
Mas eu passei da altura da mesa
Posso tocar o parapeito
Fico inconfortável no fusca
Não sei o que mudou...

Algumas coisas ate melhoraram
Mas outras se vestiram de espantalho
E assustam as andorinhas de mim

Márcia Poesia de Sá
Teus braços meu porto

Sou veleiro perdido
Nas divagações de teu mar
Sombra de branco num verde
Raios de luz de luar

Calma me deixo levar
Por entre tuas tempestades de vento
E quando a calmaria te abraça
Sou eu que trabalho meus remos

Nademos então assim juntos!
Vasta imensidão de sentires
Teu amor me faz navegar
Encontrar as rotas do destino
Na bussola, que é teu olhar

Tenho ilhas em meus oceanos
E nelas te deixo pousar
Meu coração tem teu nome
Jamais consegui apagar

E quando teus olhos eu fito
Perco-me no verde deste olhar

Já me deixei à deriva
Nos dias em que me perdi
Pensei que nosso amor estava morto
Não lembrei que teus braços, são meu porto

Em um braço de mar, te encontrei
Nas profundezes do azul te amei
Escrevendo em ondas teu nome

Sei que jamais zarparei
Do teu peito em forma de labirinto

Sinto que sempre estarei
E neste amor de um mar infinito
Sou veleiro perdido
Em meu coração, que te dei.

Márcia Poesia de Sá