quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eu, bonsai - prosa


Como posso eu, deixar-me assim no abandono de teus olhos, sendo presa de abutres entre cores, que nem mesma sei quem as pintou?

Como devo proceder se nada aceito, se a razão deste poema que me cala é a vibrante paleta de teu querer...ou não querer...

Falo em linhas e dentre linhas me desfaço, puindo-me neste espaço de um azul quase febril.

Poesia, crítica; papéis isolados...no birô da casa mal decorada, de uma ilha em forma de bota...que chuta o vinho de minha eterna sapiência...

Haja vida, para superar esta benevolência edipiana, que esinou-me a ser mais prosa que grito, mais verso que berro, mais sutil que o mais sutil dos seres.

Aonde poderia eu, esconder-me de mim mesma, permitindo ser assim, apenas a fúria? Nem sequer imagino onde...

Porque se adentro-me, uma brisa com perfume de flores inebria-me e hajo como jardim chinês.

Perfeito...em sua calma e harmonia, mas esconde em vasos lindos e brilhantes, arames que amarram seus ais, como bonsais...

Eternamente reclusos a uma beleza placidamente dolorida.

Como posso enxergar-me?!

...se sou cega de dor, e de amor vejo tudo....


Márcia Poesia de Sá

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