sábado, 2 de outubro de 2010

Drama

Tenho um drama verdadeiro
Sou artista de mim mesmo
Ergo a tenda, sou palhaço
Sou cambista e pioneiro

Sou a arte, sou a fome...
A fumaça e a bailarina
Sou a dor que me consome
Sou a tela e a esgrima

Sou a ave que morreu
O livro doado ao incêndio
Sou as rezas dos ateus
E as caravelas dos tempos

A atriz velha e surda
Cuja memória é oculta
O ator que já sem voz
Faz monólogo ao albatroz

Sou o poema perdido
A onda resseca na praia
O cansaço de toda uma vida
Que em folhas secas, farfalha...

Sou o drama do poeta
E a asa predileta
De teus olhos já sem vida...

Sou a catarse regurgitada e remuida...
...Sou o ultimo gole
A ingenuidade da rolha

A proteção do espasmo
E a garganta que dói...

Sou o silêncio que berra!
A mente que exaspera,
E a saudade que rói.

Márcia Poesia de Sá

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