terça-feira, 26 de outubro de 2010


Galho D’água



Vejo-te como galho d’água

Exposto e vitrificado em minha memória

Nos teus galhos já não há mais frutos

E as folhas em cristais translúcidos

Despencam de ti, como antes, fizeram meus sonhos...

Vejo-te como tronco retorcido

E na pele do antigo toque, arrepio

Não mais de prazer, mas de frio!

Na gélida sensação de silêncio e vazio

Onde o vento já não derrete nada mais...

Vejo-te assim, como foto de postal

Intacto fractal de vidro

Insano, insensível, irreal.

Teatral passado esquecido

E dos frutos já apodrecidos

No solo que antes, era tão florido

Nenhuma semente jamais brotará

Vejo-te como galho d’água...

Eternamente congelado por este meu olhar.


Márcia Poesia de Sá

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