quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Desde então
...e desde antigas eras as paisagens avermelhadas sempre fizeram arder as retinas azuis. Sangues em veias múltiplas, dúbias caras e facções, templos sem religiões, apenas estandartes de outras inúteis fantasias. Na verdade memórias apenas temporariamente esquecidas. E desses tempos idos, ainda que tão lindos, apenas ilusoriamente findos. A mente galga seu cavalgar no espaço dos titãs. E por entre este céu azul claro e sem nuvens, há sombras de corvos dos antigos ritos. Posso vê-los nitidamente. Dos cânions aparentemente silenciosos, ainda ecoam gritos. A terra abraça finalmente a sua ínfima eternidade. Os silêncios ou palavras já não fazem sentido. É a babilônia dos anjos!
Final dos tempos diriam os mais crentes, que vestem a roupa branca, mas esquecem de lavá-la. Na verdade nada finda, nada inicia nada cala e nem absolutamente nada vibra. O mundo e o verbo existir sentam-se placidamente sobre uma gigantesca reticência. E nós, pobres células em decomposição, algumas vezes nos esquecemos de nossas antigas eras. Nosso DNA é eterno e nunca muda, acreditem. Acendam novamente as fogueiras, apontem as flechas de veneno, escutem o tilintar do aço, o mundo vai explodir...Retornem ao âmago de suas almas e se reconheçam! Antes que as luzes do céu comecem a falhar. Pois a grande luz interior já começa a raiar na boca do teu ultimo dia.
Sorriam quando finalmente puderem se reconhecer nas águas de seus lagos, pois a civilização já não precisa de metades de informações. Nossa maquina maior acaba de ser ligada. E é exatamente assim que tem de ser!
Fumaça, corredeiras, aromas e gostos! enquanto o homem amordaça sua plenitude, mastigando vazios sem fim, entre fiapos de carne crua!
...e desde antigas eras, sempre foi assim.
Márcia Poesia de Sá - 2010
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