terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Arte de Raoul Vitale


Simplesmente assim...

Simplesmente porque não me caibo, escorro tintas em forma de sangue e pendo dores e amores em profusão. Fico a mercê do parapeito e observo as janelas. Coitadas delas, ainda fechadas de sono. Enquanto eu? Sinto a brisa da manhã e observo as palmeiras que dançam agora só para mim.
Só porque meu peito expande, e eclode incessantemente é que ainda sobrevivo a estas bombas de sol. A guerra invisível ainda me chama e minhas espadas ainda embainhadas brilham de saudade. A guerreira arruma o elmo, se veste de poesia e sorri ao dia
Simplesmente uma frase sem sentido, um diário não lido, jogado na vala inesperada da vida.
Aguardo a morte com um sorriso, mas ela brinca de pega comigo...e sorri dizendo:
Ainda não mocinha.

... Ando de férias.

Márcia Poesia de Sá

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

É...

Estou aqui comigo pensando o que dizer nestes dias

Dias em que todos costumam desejar um feliz Natal e um Feliz ano novo.

De alguma forma estas palavras me parecem tão vazias...

Não são pessoais, não aquecem o coração, não me tocam.

Hoje escrevi um recadinho para meu amigo André Anlub, poeta, parceiro, pintor...enfim...alguém que tem a poesia e a cor nos olhos e nas mãos.

Disse a ele que estava sentindo este vazio do que dizer...

E por ter escrito a ele há pouco tempo, o assunto ainda está na minha mente.

Não acredito no Natal nos termos deste hoje em que vivemos. Penso que Natal é renascimento. Não sou mais católica, e com isso o Natal se transformou na festa de um ser lindo, iluminado, bom... Certamente uma das almas mais lindas que já viveu por aqui.

Mas pensando nele, e em toda a história que criou o Natal penso...

Será natal, estar em sua casa quentinha, com uma mesa farta, saúde, amigos, roupas novas, bebida troca de presentes...?

Ou será que o natal que o aniversariante desejasse de verdade fosse outro...

Provavelmente em um asilo, ou nas ruas, quem sabe aquecendo com um alimento mais simples que um pernil, mas mais quente que um abraço... Uma sopinha de legumes quem sabe, e um pequenino bolinho de natal feito por você mesmo para alegrar a noite dos que estão excluídos das festas, ou em creches onde crianças abandonadas ainda acreditam em papai Noel...

Sei que é utópico pensar que uma noite de caridade poderia curar este mundo, sei que não pode! Mas penso que isso, este natal...

Poderia existir uma vez por mês, em todos os meses, ou uma vez por semana, em todas as semanas... E ai quem sabe tivéssemos de fato um natal!

Natal... Renascimento!

Deixar que renascesse na alma o verdadeiro sentimento de irmandade, de amor ao próximo, de paz, de comunhão...

Este sim seria o melhor presente que o aniversariante desejaria, penso eu!

Um Natal de harmonia, calor e luz a todos! Feliz Natal.

Márcia Poesia de Sá

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Vício


Vou me drogar de poesia
morrer de over dose de versos

E em meu ultimo reverso
A gasta gota da emoção
Me pingará os tetos
cerebrais.

Queimando meu juizo
até a pedra
fundamental

Onde morrerei
de prazer, lírico.

Márcia Poesia de Sá

Coração





Músculo que não se cabe
crepúsculo que arde
sol nesta negra imensidão


Pulsa pensando findo
Indo, sempre voltando...

Coração rasga palavra
e engasga, soluçando...

Coração, enclausurado
preso as paredes do passado
vive num cubículo apertado.

Triste e calado coração
tem em si varias metragens

Só sobrevive na medita exata
Quase nunca tateada

Sua canção só tem um refrão...
Solidão, tatuado em sua pele.

Márcia Poesia de Sá

terça-feira, 14 de dezembro de 2010



Um cais para o sonho

Navegante cigana, de estradas curvas e retas
Arquitetando o trajeto das descobertas
Fazendo balançar as bandeiras vermelhas
Centelhas de antigos sonhos flamejantes

Sigo a tênue linha do horizonte
Um bonde para a eternidade
Pego carona no pássaro preto
Caio de um céu de insanidades

Minhas asas e faro em corpo único
Lembranças de outras encarnações
Fogueira acesa pressinto!
Alma em densas rebentações

Cansada adormeço ao relento...
E acordo ao som de um albatroz
Algozes amarraram as cordas
Ancorando meu peito sem voz

Um cais de pesadelos e sonhos
Meu navio já ruiu...
Minha alva alma vaga
Como pluma que partiu.

Márcia Poesia de Sá – 13.12.2010


domingo, 12 de dezembro de 2010


" Quando todas as minhas palavras me devorarem...
eu serei apenas o eco de algumas reticencias"

Márcia poesia de Sá

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


Eu queria morrer por meia hora

Penso no porque das coisas vivas, no porque das cicatrizes doloridas, no porque do bem e do mal. Penso num ET cetara e tal de coisas que se avolumam.

Vejo as ruas que mesmo estáticas aparentemente, elas andam, cantam fados e contam histórias.

Certa vez lembro que sentei num banco perto do rio que corta minha cidade ao meio, e quase de frente a uma ponte antiga de ferro, comecei um diálogo inesquecível com ela...

Ela falava manso, sabe? Aquela voz gostosa que só os sábios têm? Leve, morna e densa... Ela falava da profundidade das coisas e das peles por cima das verdades... Falou-me que sentia uma saudade tão grande...

Dos anos idos, das carruagens, que a ela, pareciam brincos a enfeitá-la... Ela dizia:

Poetisa, as carruagens me faziam carinho, passavam lindas sobre mim, não tinham pressa de me abandonar, e as pessoas que eram ninadas dentro delas pelo som do caminhar, me viam...

Olhavam meus arabescos, observavam minhas paisagens e suspiravam enquanto eu sorria... Lembro até de certo poeta, silencioso que sempre vinha me ver. Ele sentava ali pertinho do rio e escrevia, escrevia...

Eu ficava tão curiosa a imaginar o que ele riscava com aquela pena linda... E queria mesmo perguntá-lo, porque ele me olhava tanto...

Certo dia ele sumiu... Mas lembro-me que antes de ir, passou a mão delicadamente em meus ferros, e falou baixinho quase num sussurro: você é linda...

Sinto saudade dos sons suaves, ah! Eu odeio buzinas! Hoje me sinto tão só poetisa... Mesmo que invadida diariamente Por carros, pessoas, animais, são apenas pessoas, não são poesia, como foram um dia...

Depois daquela conversa com a ponte, eu segui para dentro do Recife antigo... E sentei no marco zero para sentir aquela sabia brisa de tudo... Ela era tão feliz e cantava canções, assoviava a rodopiava perto de mim, perguntei a ela, de onde tu vens?

E ela respondeu: quem disse que eu venho? E sorriu...

Tornei a perguntar: para onde tu vais?

E ela já com um sorriso ainda maior nos lábios me disse: eu ia...

Mas já que a poetisa veio me ver, vou ficar por aqui um tempo assanhando teus cachinhos, gostei deles...

Perguntei então, se há muito ela estava por ali...

Ela ficou mais mansa, e mesmo com os dedinhos de vento em meus caracóis se acalmou e começou a me contar de tudo... Dos mascates, das mulheres e navios, das luas cheias e seus segredos, dos beijos apaixonados que ela sempre via naquele lugar e que até hoje a fazem dançar ainda mais forte...

Da mudança de som, quando antes trotar de cavalos e hoje buzinas estridentes...

Falou da arte que sempre passa lá, toma um sorvete, come uma pipoca e brinca com o bobo da corte que fantasiado de festa ilumina o lugar.

Levantei, me despedi da brisa... E cai no rio.

Afundei longos anos... Naveguei com sereias... Beijei golfinhos... Acenei para a barca que cortava o rio, lenta...

E voltei a mim...

Eu queria morrer só por meia hora, para falar com a morte... Mas acho que morri por uma vida inteira, devo ter errado o bonde... E ai, nasci na época trocada... Com a roupa apertada, um relógio de pulso, uma chave de carro na mão... Que jamais será capaz de me levar de volta a minha real vida.

Neste instante, eu escuto as ruas cantarem tristes fados...

Lindos fados...

Ai! que saudade de mim...


Márcia Poesia de Sá – 10.12.2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Folhas, mil folhas de mim...



Já percorri tantas bibliotecas em mim

Que chego a ver corredores em minha alma

Há portas e portas, prateleiras e prateleiras sem fim

Alguns livros sem poeiras, aqueles que mais folheio...


A coleção do vazio... Está no birô central

O livro saudade,

caiu ainda pouco de uma antiga poltrona...

E uma fraca luz de um abajur ainda o iluminava

Já o devolvi a estante, após tirar-lhe o pó


Umas anotações de ontem revoam as prateleiras...

E uma folha em branco me olha com afeto...


Sou a pena inquieta do arquiteto

A construir castelos de palavras...


Meus livros são da alma, o mais profundo,

O sótão de meu mundo já descrito

E as folhas hoje soltas de meu grito

Ecoam nas paredes sem cessar.


Bate então a porta! Um vento frio

Ocupa os corredores de minha dor

Desapareço em meio a alguns livros

Sou só a alma nua já sem cor


Márcia Poesia de Sá



Grata Flor pelo carinho ao meu texto.

There is no place


There is no place to hide

A loving mirror

There is no place to live

Without a soul

There is no reason

To cry, with all that sorrow

There is no way...

For me wilhout your mind...

Your voice is all

I’ve ever wanted

It touches me, so deep inside!

Your hands are always in my mind

My Love for you was writen in the stars

And now the tears are shinig bright

Today, they fall from the high Sky

Into my eye that cry...

Just for you.

There is no place

To be withought being

There is no place to die

And lie at all

My life is Just an old and sad history

When Love, becomes “forever” more

And somehow...

After so many years...

The heart begins to hurt, again.

Without a way

To find you, close to me.

I just get lost

inside of me.


Márcia Poesia de Sá