quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu sabia

Tentei recompor todas as borboletas, e usei todos os vernizes que pude. Costurei asas partidas, contei a elas as histórias mais aladas. Até pensei que haviam acreditado.
Depois eu mesma salguei o mar, salpiquei estrelas nas areias e espalhei a cor difusamente entre os peixes do coral.
Embarquei numa viagem sem fim, para além de mim, e para onde eu jurava que jamais retornaria. Degluti toda a minha maresia, digeri as magoas, as águas e os rios poluídos do passado, despenquei da cachoeira mais alta de meus sonhos, cai languida, tão certa de que pisava o solo das verdades...que nada...
Acordei partida, quebrada...
Na maca dos sonhadores anônimos. E havia perto de mim só um recado da borboleta:
- parti.

Márcia Poesia de Sá

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