As tantas vezes da memória
Aquela porta de madeira escura e maciça, parecia pesar toneladas de história.
Ela pairava naquela fachada de pedras e deixava claro ter nascido de alguma árvore centenária
provavelmente de alguma mata fechada e escura.
Atravesso a rua, com os olhos fixos naquela fechadura a imaginar o que me aguarda do outro lado. Finalmente me aproximo, a mão recolhida na luva de lã, disfarça bem o tremor que a acompanha. A luz, embora tímida e acinzentada invade o chão de mármore branco, e meus pés o pisam com gigantesco respeito, quantas pessoas já fizeram este caminho? penso eu...
à frente daquele piso branco, despenca qual cachoeira a enorme escadaria, que como musica escorre na escuridão das velas, bem colocadas ao lado da descida, como se mais uma vez bradasse o século no qual foi esculpida.
O som é mágico, um piano muito bem dedilhado entoa uma canção triste. O escarpam preto
vai furando quase que suavemente o vento, e eu desço.
Apenas um candelabro ilumina o centro do gigantesco salão, e as toalhas do mais puro branco, parecem dançar uma valsa mística, com a lua lá fora, lua esta que se exibe pelos janelões de vidro que ficam no alto da parede.
As mesas de pedra, as taças de vinho...a cor daquelas flores jogadas, e a beleza dos arabescos de ferro. Me transporto definitivamente para aquele lugar e finalmente relembro-me dos dias em que aquele lugar era meu lar, choro timidamente e tento esconder a emoção.
O metre se aproxima, e apenas peço a mesa do canto, a de sempre, Philip.
Márcia Poesia de Sá
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