É, esta vida é mesmo engraçada.
( E de verdade, ao digitar engraçada, errei e digitei
engradada, depois vou pensar num poema de grades)
Mas enfim,
É, esta vida é mesmo engraçada.
Estive a ínfimos milímetros da plenitude da felicidade. Pude
ainda sentir seu perfume, sua tez e até mesmo a fumaça que corria de seu fogão
a lenha, cozinhando lenta e carinhosamente coisas minhas e dela em sua panela
de barro. É, estive pele a pele com o abraço, e ele me aqueceu e arrepiou os
pelos. Queres ver os olhos da saudade? se disserem sim, eu peço uma foto. No momento ela está aqui
sentadinha no chão, recostada nesta casa de pau é pique, deglutindo um copo de
água da jarra e olha para o horizonte.
Sabes? hoje á noite eu vou fazer uma fogueira, quero hoje
ver estrelas! e nem a chuva se vier, vai me impedir de vê-las. Porque poeta é
um ser que vive sozinho, e a isto nada pode mudar, a gente cria mundos, todos
se mudam para lá, e no fim só nos resta este pote mágico de criar, e uma
solidão infindável.
Mas hoje á noite não! hoje farei diferente, criarei meu
mundo ainda á tarde, antes da lua acordar e me tomar para ela. Hoje quero chuva
de natureza, respingo de beleza e verdade e olha só, no meu mundo chuva jamais
apaga fogueira!
Vou assar milho, fazer café fresquinho, forrar a mesa com
toalha branca, e decorar com margaridas. Hoje eu quero e vou ver estrelas.
Guardo um lugar no jardim para você?
Bem, vai pensando ai, que preciso sair para comprar giz e riscar
na terra aquele joguinho da infância no qual pulávamos com um só pé até chegar
ao círculo. Ah o nome do círculo era céu...
Márcia Poesia de Sá - 2014
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