Fragmento (parte)
Já me perdi tantas vezes e me reencontrei, tomara que desta vez também eu consiga. Basta que não tenham mudado as curvas dos tantos caminhos que já segui, cegamente. Tateando espaços que desconhecia, palmo a palmo no rasante da alma, com o coração exposto na bandeja, ao sabor dos ventos, mesmo que sofrendo temporais. Tentando loucamente ver brisa onde só ha deserto. Já perdi tudo que tinha que perder nesta vida, nada mais me cabe inteira, sou fragmento. E ha momentos que vejo os meus tantos eus passarem por mim, em diversos tons tão repletos de tantas coisas que vejo caírem pelos caminhos, simplesmente perderem-se e perdendo-se, perco-me eu! é como se tivesse sofrido um esvaziamento natural. Fui silenciando densa e profundamente. Raspei o tacho, joguei os lixos e bato a porta mais uma vez. Trancando os cadeados que havia ignorado por esta estranha mania de crer em sonhos. Cá dentro, só um eu, outro eu a buscar-se infinitamente. Até quando vou aguentar? não sei...espanta-me esta coragem em despedaçar-me. Em entregar tudo que sofro tanto para reconstruir e ver ruir, e recomeçar e ver ruir numa incessante história que jamais finda. Hoje só o que sinto é a quente areia que escorre por entre meus dedos e pela ampulheta que ironicamente virei ao contrário!
Já me perdi de mim tantas vezes, que penso que nem seja mais eu, aqui.
Márcia Poesia de Sá - 2014
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