Aplauso de anjo ( outras eras )
E são assim as ruelas que nos levam ao marco zero de Recife.
Estreitas, repletas de casarios esguios, com olhares horizontais no tempo
Ruas cravejadas de pedras, cinzas como os invernos
E sérias como a história...
Ruas que namoram as pontes
e que inevitavelmente conversam sobre os tempos
quando as noites abraçam o rio e as vermelhas luzes
queimam suas bordas, num dourado que se move.
Uma cor ou outra, ainda desbotada, se exibe e sorri um sorriso tímido
E são assim as ruelas que nos levam aos marcos zero de nós
Apertadas pelos anos, curvilíneas como o destino
e grávidas de contos e contos d'outras histórias
Passeiam por nós, em suas carruagens de vento.
E são assim as estradas por onde passam os anos
rodovias de experiências tantas, onde crescemos em quilômetros
mas onde também, nos distanciamos tanto de nós...
Vamos assim, pela vida caminhando como se fora possível
traçar uma reta infinda, quando a terra e a lua e o sol
todos os dias nos mostram a forma cíclica da vida.
E são assim as ruelas que nos levam ao marco zero do Recife.
enclausuradas entre prédios, calmas como a brisa que faz arabescos
decididas como a vida e seus infindos atropelos e acertos
seguem, e seguem sempre como um mar
E ao chegar, no marco zero da vida...
uma amplidão é reconstruída, numa praça onde uma bússola aponta!
lá, o vento é amigo do rei, a brisa dança balé, o rio gargalha preguiçoso
e neste lugar onde a vida se faz um marco!
Quem sabe nós também não possamos descansar de tanto asfalto!
recolorir o gris na retina empoeirada, umedecer o riso...
para sentarmos no chão, ouvir os dias e contar histórias
onde a beleza e a fé sejam as madrinhas do conto maior.
E das ruelas que antecedem o marco zero
ouvirão-se aplausos e risos dos anjos d'outras eras.
Enquanto no horizonte, lentamente raia um novo sol.
Márcia Poesia de Sá .
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