quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Tempo dos poetas

É no tempo dos poetas
que os arabescos se formam
desenlaçam-se e se enroscam
num balé para além da imaginação
É no tempo dos poetas
que as nuvens fazem amor entre si
fluidamente desfazem-se e refazem-se
noutras formas, noutras matizes
É no tempo dos poetas
que o mar afasta-se lento
dando espaço a areia que caminha
observa terno as gaivotas
beija as andorinhas...
É no tempo dos poetas
que a pele pede clemência
que o arrepio evapora sem decência
e os sons ecoam sem ar...
É no tempo dos poetas
que as pegadas viram flechas
que o olhar umedece-se por completo
e fecha os cílios dos olhos
do corpo que abandona-se em brasa
É no tempo dos poetas
que as linhas são feitas em suspiros longos
onde as manhãs parecem não chegar
e onde a lua fica rubra
por nem conseguir olhar!
Por fim, é só no tempo dos poetas
que eternizam-se momentos
em círculos que crescem
como ondas de uma única gota
no plácido lago da febre.
E é apenas lá, no tempo dos poetas
que os pelos seguem suas marés
perdendo-se entre o levantar e deitar
num ritual sem horário nem tempo.
É no tempo dos Poetas...
é no tempo dos poetas...
Márcia Poesia de Sá.

Um comentário:

  1. Marcia, peguei este poema para a 1ª Antologia da AVEC (Academia virtual de escritores clandestinos). Beijos

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