sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


Entre desertos e mares


Hoje voei sobre um deserto
E o ar fazia-se quente e incerto
Numa metamorfose furiosa, mal senti
Que em minha mente se formava
Uma tempestade de sentires

Enquanto vôo me abandono
Largo a consciência e abraço o sonho
Entregando-me assim a teus ventos
Em lençóis macios de poesia

Tudo em mim, já ferve! Uma agonia
E como vulcão erupciono
Tantas imagens loucas
Pintam em carmim, imagens roucas

Poesia, minha alma te anuncia!
Entrego meus olhos a teus desertos, denuncia
A urgência lúdica de mim em ti
E de ti, pressinto borbulhas...
Em horas caladas das luas
Quando cerras teus olhos a dormir

Tão abrasivo como o fogo
E ao mesmo tempo, terno como o ar
Deixa-me deserto em ti voar?
Observar teus vazios
E me deixar, planar...

Belo e raro espécime da natureza
És poesia em lenços soltos ao vento
E eu tento, sentir-te ao meu lado, em fantasia

Mas já não sei se vago, ou me perco
Pois se tu és gigantesco diserto
Esteja certo, que gigante também sou...

Embora diferentemente de areia quente
Sou a acolhedora temperatura de um mar aberto
Contemplando teus antigos sonhos, com o presente
Uno a terra e o mar, emocionadamente

E viajo em asas de sonhos, quase sem rumo...

Márcia Poesia de Sá

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