Curvas insolentes
Meus passos já cansados perpetuam-se de verde, sigo...sigo infinitamente.
Avisto a curva que se abre aos poucos, traço suntuoso de paralelas nuas. Há nas estradas deste tempo tantas curvas. Paro, penso e apenas sigo, minto da reta a verdade da curva e o vento me acompanha as cambalhotas. Folhas laranjas vão pintando a paisagem, e os assovios dos bambus fazem musica para mim. Após o sol e duas luas, chego finalmente ao ponto que penso ser o final, passo pela porteira... Arranco uma florzinha, esfrego os olhos e o que avisto?
A maior de todas as curvas, o retorno definitivo ao âmago de mim, cheguei nas transparências das cascatas e entre rochas e peixes vermelhos o som de água me acalma.
Curva definitiva, após o ponto que eu mesmo risco. Que seja, pois o fim do abismo, e a chance universal da reta infinda. D’alma poética tantas linhas... Choram em silêncio o ultimo traço.
Após a porteira eu passo...apago a curva e apenas sigo.
Márcia Poesia de Sá
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