quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Navegava lenta em meu barquinho de papel manteiga, e o mar se fazia calmaria, brincando comigo de vai não vai... Poucas marolas me empurravam aos cais e em outras ocasiões me levavam de volta. Até chego a crer que o mar, pondo a mão na boca, para que eu não escutasse, dava boas risadas de mim.
Foi ai, que decidi brincar também, guardei a ansiedade numa pequena concha e joguei em suas águas. Agarrei-me ao meu bloco e me pus a versejar, sei que quando escrevo vôo...
Logo, isso o faria perceber que havia perdido a brincadeira. De fato deu certo!
Ele deu um suspiro forte, longo... De quem desistia
Então este vento me soprou o barco para uma praia deserta e linda. Muito estranha, porém...
Ao descer do barco, atônita vejo uma paisagem absolutamente branca, vários tons de branco é verdade, mas tudo branco! Coqueiros enrolados de folhas de papel crepom. Toda a vegetação da ilha era feita em cartolinas, papeis dupla face, e até mesmo o meu amado papel fabriano, que cobria as flores e frutos. Não compreendia como aquilo poderia existir.
No entanto o mar tinha um tom de azul divino, misto a um leve pincelado esmeralda que contornava o horizonte. Sentei na areia branca... e passei alguns minutos a observar os contrastes. Adentrei na mata por horas depois, na busca incessante de cor...
Foi ai que vi um pássaro, lilás... ele me fazia sinal, como se estivesse realmente precisando de mim. Decido segui-lo, e entre pulos e sustos com algumas serpentes de papel seda. Chego a uma monumental construção de blocos de pedras gigantes que parecia ser um templo, um castelo, não sei...
O pássaro deu uma rasante na minha cabeça e entrou na grande porta que havia na muralha da frente, o branco e o brilho quase de mármore, embora fosse também papel, um papel acetinado eu creio, quase me encandeou.
Sigo o pássaro que batia suas asas lindamente, e o tom lilás e agora parecia azulado nas pontas das asas. Ele pousa calmo em uma mesa central que havia na gigantesca sala, me aproximo dele com calma, não queria assustá-lo, ele era lindo!
No centro da mesa, um bilhete...
“Todas as cores vivem nos olhos de quem sabe ver, se a grande ave trouxe-o até aqui, você foi a escolhida, para pintar a vida e a imaginação...
Faça-o, com amor.”
E de repente, avisto cores surgindo em meu coração como um redemoinho incandescente, um fractal brilhante, toma todo meu corpo, e escorre em pingos por minhas mãos neste exato instante.
Márcia Poesia de Sá- 13.07.2010
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