sábado, 22 de março de 2014

Náufrago

Se por teus olhos navegam esfinges dúbias
em cujos corpos proclamam rubras manhãs
tão vãs as auras que escorrem das horas púrpuras
São filigranas rasteiras, nas minhas doces maçãs

Se em tuas mãos escorre a infinidade de aromas
amoras morenas, ruivas maduras, ou madalenas...
e na vastidão da solicitude, te perdes em águas
são apenas os teus tantos nós, a acumularem chuva

Posto que n'alma que afaga o inefável como beijo
doando-se as madrugadas, por infindáveis leitos
transmuta sua essência, metamorfoseando-se tanto
que perde-se e adentras como elfo no labirinto negro.

Enquanto o tempo deglute a vida aos pouquinhos
revoam águias, desamores, amores e promessas fluidas
riscando qual raios e trovões nosso mar impreciso
numa página banida de um papiro amadeirado

Portanto, se por teus olhos revoam ainda alguns relâmpagos
Façamos das noites, um conto com inicio, meio e fim
e na clareza dissimulada e febril da branca lua nua
rasga meu negro manto, e meu medo tanto, unindo minha boca a tua,
adentrando-me, como um Deus completamente náufrago.

Márcia Poesia de Sá - 2014

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