sábado, 10 de maio de 2014

Nó-turno

De noite, amado, amarro o coração num raio
que escapulindo por dentro das nuvens como espasmo
libera-me sonolenta na luz da lua, 

E esta, que derrama-se
além, muito além da linha que eu julgava minha
lá no equador...
Apenas flutua-me.

De noite, amado, eu colho as margaridas soltas
nos campos que na noite dormem, e colo-as
na clareza incauta, de todos os amanheceres

Camuflo a noite em dia eterno, e dedilho arpas
que nem sei tocar! assovio melodias silentes
e suspiros ausentes só para te acordar!

Então a concha toma corpo,
me abraça como se eu fora pérola!
e num mar que em mim se exaspera
afundo em borbulhas de ar...

De noite amado meu, creia!
meu corpo desvencilha-se das veias
meu sangue corre em outra entonação

E se chover na lua, eu faço teias...
desenho tudo em volta qual poema
e só então, enfim, eu adormeço
estremecendo os veios da razão

Márcia Poesia de Sá.

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