segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Leve


Ando delicadamente sobre pequeninas pedras da memória
Volto em um vento azul...que baila, como fumaça
Me abraçando ternamente enquanto vejo passarem os anos
Um a um, neste belíssimo retorno terno...

Ah! te revejo...te sinto, sorrimos!
Como é belo ver que estás tão lindo...
E que teu sorriso continua como sempre
Mágica nave que me leva onde bem queres

E o vento volta....e levemente me abraça....
E assim vou com ele entregue em seus braços
a mais dez anos atraz....e depois mais dez
E assim vou vendo a vida...
Fases em nada repetida

Apenas os degraus que já subi
sendo vistos ao contrário...
tão belos e imaginários...
Sorrio ao me ver menina...
Ao ver as rendas, os lacinhos....

E Saber que eles foram o inicio
Do bordado desta vida que nunca finda....
Leve viajem que me leva...das lembranças...
As mais ternas...
mornas esperanças

Márcia Poesia de Sá

domingo, 22 de novembro de 2009

Uma canção de ninar...


Santa Clara

Santa, santa clara ilumina
Esta imensidão que nunca cala
Fala-me teus sonhos
Me fascina...
Doce anjinho de pelinha clara
Clara minha vida, e meu sonho
Nas tuas mãos minha vida se desagua
Cala todo choro e me abraça
Minha fada clara, minha amada
Santa, santa clara me ilumina
Faz de mim um colo pra esta fada
Deixa que te veja assim dormindo
Com as asinhas doces bem dobradas
E assim eu fico a noite toda...
Vendo esta beleza que se espalha
Nesta pelezinha assim tão clara
Repousa um coração
que ancora e cala.

Márcia Poesia de Sá

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


A iluminação

Um dia me despeço de meu ego
E parto em paz para o maior mergulho
Intruso de mim mesmo, em completa solidão
Me reconheço alma em evolução, apenas.

Nada ha de mim, de meu, de eu...
Nada sendo assim, apenas um eu, a luz
O perdão inexorável a humanidade
Reflete-se na mais pura humildade
De se saber falho, em todos os sentidos

Ha uma luz interior, e um silêncio apenas
A paz que tanto buscam, no interno de si... vive!
Convive com barulhos de um orgulho burro
Até que resplandece numa luz imensa

E assim alma e espírito, ser de conciência
eterno como o universo e suas luzes
Brilha alma e vida numa morte eterna
Do egoísmo rude, ignorante e inutil

Transformando então em puro pó de sombra
De estrelas cadentes de um abismo mais que profundo
O ser humano, vegetal, mineral e animal
Numa etéria globalização de nadas
Abraçadas no umbigo de um tudo.

Márcia Poesia de Sá

Paredes de pedra (Novembro)


Já eram onze os guardiões do templo
Decaptados pelo vento das chapadas
Nas rochas úmidas do firmamento
Observavam vagas passaradas

As pedras soltas, vomitavam areias
De um largo ano que se arrastava
Como serpente na areia quente
Ele deslizava pela vida demente

Naquele onze, a olhar o horizonte
Vi o negrume, tempestade louca
Calou-me a boca num suspiro triste
Em riste a morte, deu seu ultimo lance

Fúnebre clarão em meio ao ano
Que se despede então em agonia
Levando as labaredas da razão
Daquele adeus, que não te dei um dia

Conto hoje as pedras, deixadas a margem
Contornando o rio de lágrimas que ficou aberto
E vejp na transparencia de suas aguas
As imagens tantas, que guardarei, por certo

Triste e terrivel ano, dividido em lascas de medo
Corroído pelo tempo, cruél e infinito sujeito
Dilascera a morte, come seu cotovelo
Impedindo enfim, a história de ser escrita

E os olhos vagos de crianças aflitas
Revoam os albuns de amarelas fotos
Buscando o sorriso, o abraço terno
Daquele que no onze, se foi...santo.

Márcia Poesia de Sá - 11.11.2009
E o silencio...

Como folhas rasgadas, amassadas
Retiradas de um diário sórdido
Rasgo memórias roucas, lamentadas
Sem razão de ser, reviro-as...

Abro baús mofados com os vírus da mentira
Bagunço os sorrisos que de la saiam
E pulverizo razões incabidas e insanas
Nas paginas das indecencias tuas

Falo da voz que se cala estupefata
Gargarejando vinho tinto
na boca da noite cálida

E sussurro lembranças toscas
No fim do livro empoeirado
Que ao acabar de ler, jogo na lareira!

Márcia Poesia de Sá